A etnologia indígena de Julio Cezar Melatti
2000; UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA; Volume: 25; Issue: 1 Linguagem: Português
ISSN
2357-738X
Autores Tópico(s)Amazonian Archaeology and Ethnohistory
ResumoQuando decidi trabalhar com os Karaja da ilha do Bananal estava dividido entre a novidade de fazer uma pesquisa de campo etnografica pela primeira vez, ou seja, passar por aquilo que alguns chamam de rito de iniciacao da profissao, e as ponderacoes de etnologos que pintavam uma situacao de contato interetnico dificil entre o grupo, alertando que a etnografia seria contaminada pela aura desanimadora daqueles que fizeram uma experiencia etnografica com os Karaja. Diziam que os Karaja expulsavam os antropologos, ou ainda, que os que comecavam as etnografias nao conseguiam termina- las, devido ao caos provocado pela bebida alcoolica no grupo. O receio aumentou quando percebi que no levantamento etnologico do Centro-Oeste, de modo especial o que foi realizado pelo Harvard Central Brazil Research Project (Maybury Lewis, 1979), os Karaja nao haviam sido contemplados. E assim, entre a animacao do novico em Antropologia e um certo receio em relacao a situacao do grupo, ficava uma desesperanca no ar. Foi entao que se fez presente a sensatez e a serenidade do professor Julio Cezar Melatti, que sabiamente me mostrou algumas etnografias de sucesso sobre o grupo e ainda sentenciou: “Em ultimo caso, voce ouve os indios do lado da cidade...” Ou seja, as dificuldades do campo nao seriam maiores que a contribuicao que a etnografia poderia dar ao estudar pela primeira vez, e de maneira global, o rito de iniciacao dos meninos Karaja ou o rito da Casa Grande.
Referência(s)