Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Reabilitação de pacientes sobreviventes ao COVID-19: O próximo desafio

2020; Convergences Editorial; Volume: 21; Issue: 4 Linguagem: Português

10.33233/fb.v21i4.4318

ISSN

2526-9747

Autores

Marco Orsini, Jacqueline Stephanie Fernandes do Nascimento, Nicolle dos Santos Moraes Nunes, Janie Kelly Fernandes do Nascimento, Renata Rodrigues Teixeira de Castro, Marco Antônio Alves Azizi, Maurício de Sant Anna,

Tópico(s)

Intensive Care Unit Cognitive Disorders

Resumo

Em dezembro de 2019, um surto de pneumonia de etiologia desconhecida foi relatado em Wuhan, proví­ncia de Hubei, China. A maioria desses casos estava epidemiologicamente relacionada ao mercado atacadista de frutos do mar de Huanan [1]. A inoculação do lí­quido obtido por lavagem broncoalveolar de pacientes com essa pneumonia levou ao isolamento de um novo coronaví­rus, inicialmente chamado 2019-nCov, e posteriormente denominado sí­ndrome respiratória aguda grave pelo coronaví­rus 2 (SARS-CoV-2) [2].Devido ao aumento do número de casos de COVID-19 em todo o mundo, foi decretado pela Organização Mundial da Saúde, um estado de pandemia. O COVID-19 é uma doença que pode causar uma importante lesão pulmonar, exigindo hospitalização para uso de oxigênio e, no último caso, internação em unidade de terapia intensiva com uso de ventilação mecânica invasiva [2,3].Pacientes que sobrevivem ao evento agudo causado pelo COVID-19 costumam sofrer os efeitos deletérios de uma internação prolongada, como: alterações cognitivas, depressão, ansiedade, alterações de mobilidade, além de alterações cardiovasculares e pulmonares.Como essa condição é real em todo o mundo, qual será nosso próximo desafio? Este é um segundo momento da pandemia e que merece ser tratado com a mesma atenção pelas autoridades e que levou a Organização Pan-Americana da Saúde a publicar um documento intitulado Rehabilitation considerations during the COVID-19 outbreak [4].Este documento deixa claro o papel da reabilitação no acompanhamento a longo prazo de pacientes com COVID-19.Muitos foram os relatos descrevendo o processo de reabilitação em pacientes sobreviventes ao COVID-19, em atendimento ambulatorial. Yang e Yang [5] publicaram um artigo de revisão mencionando os benefí­cios da reabilitação pulmonar para pacientes afetados pelo COVID-19. Sheehy [6] também expressou sua opinião sobre a importância da reabilitação em sobreviventes do COVID-19, no entanto, vale ressaltar que esses dois autores (assim como outros que não foram mencionados aqui) ainda estavam no campo de hipóteses e elucubrando alternativas.De todos os artigos publicados presente até o momento sobre essa temática, um que merece destaque é elegante trabalho realizado por Liu et al. [7] pelo fato de ser pioneiro em alguns apontamentos. Os autores descreveram os efeitos de um programa de reabilitação com duração de seis semanas em pacientes sobreviventes ao COVID-19 e observaram melhoras significativas na função pulmonar, por meio da espirometria, melhora da capacidade funcional mensurada através do teste de caminhada de seis minutos, além de melhoria na qualidade de vida através do questionário SF-36, atividades da vida diária através da Medida de Independência Funcional (MIF).Cabe ressaltar que, em relação í reabilitação de pacientes sobreviventes do COVID-19, as informações começam a ser organizadas para facilitar o desempenho dos profissionais de saúde. Com base nessa premissa, o de Stanford Hall para a reabilitação pós-COVID-19 [8] realizado por pesquisadores do Reino Unido reúne até agora as melhores evidências para a condução da reabilitação nesse novo cenário que se apresenta a todo o mundo. O documento abrange recomendações para: reabilitação pulmonar, cardiovascular, neuromusculoesquelética e neurológica, sem deixar de lado as recomendações médicas e psicológicas, diretamente relacionadas í reabilitação.A reabilitação sempre foi descrita como um processo multidisciplinar e, em pacientes sobreviventes ao COVID-19, devido ao fato de ser uma condição clí­nica e funcional de recente descoberta, será extremamente importante para os profissionais trocarem o máximo de informações possí­veis, para que os indiví­duos retomem as suas atividades diárias, o mais próximo possí­vel do que eram anteriormente.O documento Rehabilitation considerations during the COVID-19 outbreak [4] é enfático ao afirmar que os esforços do governo para oferecer reabilitação aos pacientes que sobrevivem ao COVID-19 devem ser os mesmos realizados quanto a oferta de leitos hospitalares.Além dos centros de reabilitação, dos programas ambulatoriais, dos atendimentos domiciliares, a pandemia nos mostrou uma potencialidade pertinente ao momento atual, a telessaúde, incluindo telemedicina e tele-reabilitação.

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