Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Adenocarcinoma endometrioide em paciente jovem: relato de caso

2019; Volume: 129; Issue: 2 Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-2019129213

ISSN

0368-1416

Autores

Sílvio Silva Fernandes, Luiz Gustavo Bueno, Humberto Tindó, Karolina Alencar Bandeira, Stephany Brito Polanco,

Tópico(s)

Women's cancer prevention and management

Resumo

Introdução: O câncer do endométrio (CE) é a neoplasia ginecológica mais comum em pacientes climatéricas pós-menopáusicas e, habitualmente, se apresenta com sangramento uterino anormal (SUA). Os fatores de risco incluem obesidade, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, síndrome metabólica, nuliparidade, síndrome dos ovários policísticos, uso de tamoxifeno e outras situações que direta ou indiretamente estimulem a produção anômala de estrogênios². Na sexta década é que, comumente, se faz o diagnóstico de CE; no entanto, 25% dos casos ocorrem em mulheres na perimenopausa e 2,5-14,4% em mulheres com menos de 40 anos.1 O aparecimento de CE em mulheres jovens está associado a fatores como hiperestrogenismo crônico e risco familiar, embora possa ocorrer em mulheres sem fatores de risco aparente. Relato de caso: Mulher, 33 anos, nuligesta, sem doenças, sem uso de medicamentos, procurou o serviço de ginecologia em maio de 2018 por metrorragia há 2 anos (descrita como discreto sangramento ocasional, acíclico, sem dismenorreia associada). Ultrassonografia transvaginal (USG TV) de maio de 2018: eco endometrial com 16 mm de espessura e heterogêneo. Imagem hiperecogênica medindo 28x16 mm, podendo corresponder a pólipo. Evolução: Em junho de 2108 realizou vídeo-histeroscopia com biópsia: cavidade uterina com hipertrofia endometrial difusa de aspecto polipoide, com vascularização aparentemente típica. O laudo histopatológico foi de adenocarcinoma de endométrio tipo endometrioide, moderadamente diferenciado. Ressonância magnética da pelve (agosto de 2018): bexiga de paredes lisas e contornos regulares. Cavidade endometrial distendida (21 mm), apresentando material com sinal intermediário em sequência T2 em seu interior. Não se observou comprometimento evidente miometrial. Paramétrios livres. Não se evidenciaram linfonodomegalias pélvicas. O aspecto era compatível com blastoma primário (estágio 1A). Zona juncional mal delimitada por hipossinal difuso miometrial. Regiões anexiais sem alterações expressivas. A proposta terapêutica foi histerectomia com salpingooforectomia bilateral e abertura da peça cirúrgica. A paciente confirmou não ter interesse em preservar a fertilidade. Em setembro de 2018, realizou-se o procedimento sem intercorrências. Na abertura da peça cirúrgica identificou-se menos de 50% de invasão miometrial. Laudo histopatológico da peça cirúrgica (novembro): adenocarcinoma moderadamente diferenciado infiltrativo de tipo endometrioide em cavidade endometrial (CE endometrioide 1A G2). Conclusão: Mesmo na ausência de fatores de risco clássicos para o câncer de endométrio, as pacientes jovens com sangramento uterino anormal devem passar por propedêutica rigorosa até se excluir a possibilidade de neoplasia maligna. Diante de adenocarcinoma endometrioide 1A G2, o tratamento é histerectomia mais anexectomia bilateral, porém em pacientes jovens tem-se de discutir a preservação da fertilidade. As hiperplasias endometriais são as lesões precursoras mais frequentes para o câncer de endométrio, com clínica de sangramento uterino anormal, ou sangramento na pós-menopausa. Deve ser um alerta para todos os ginecologistas.

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