Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Análise dos fatores determinantes da situação epidemiológica da sífilis congênita no município de São João de Meriti (RJ)

2019; Volume: 129; Issue: 2 Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-2019129234

ISSN

0368-1416

Autores

Hellen de Souza Neves Martins, Emanuel Inocêncio Ribeiro, Roberta Rodrigues Teixeira de Castro, Paula Guidone Pereira Sobreira, Adalgisa Mafra Moreno, Wallyson Luiz Costa França,

Tópico(s)

Syphilis Diagnosis and Treatment

Resumo

Introdução: A sífilis congênita é uma doença evitável, de transmissão vertical do seu agente infeccioso. Entretanto, ainda persistem lacunas que precisam ser estudadas em razão do aumento progressivo no número de casos, que a caracterizam como grave problema de saúde pública. A análise das características socioeconômicas, da assistência realizada no pré-natal (PN) e no parto e do recém-nascido torna-se fundamental para o planejamento de ações capazes de minimizar a situação encontrada. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico dos casos de sífilis congênita dos pacientes residentes e atendidos no município de São João do Meriti (RJ) de 2014 a 2017. Métodos: Trata-se de estudo de incidência dos casos de sífilis congênita. Utilizaram-se exclusivamente os dados confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2017, na cidade de São de Meriti (RJ). Após extração, analisaram-se os dados em programa estatístico. Resultados: O número de casos de sífilis congênita superou o número de casos de sífilis em gestantes nos anos de 2015 e 2016, ocorrendo o inverso nos anos de 2014 e 2017. Houve mais casos de sífilis congênita que casos de sífilis em gestantes, o que sugere falhas no diagnóstico precoce durante o pré-natal. A maioria das gestantes era da raça parda (51,2%), na faixa etária dos 14 aos 20 anos de idade (36,3%), seguida da faixa de 21 a 25 anos (32,4%), e possuía o ensino fundamental incompleto (25,1%). 79% do total de gestantes realizaram o pré-natal. Destas, 46,4% foram atendidas no município de São João de Meriti, das quais 43,8% receberam o diagnóstico de sífilis durante o próprio pré-natal e 24% no momento do parto/curetagem. O fato de 94 gestantes (18%) não terem realizado o PN demonstra, entre outros fatores, a fragilidade da atenção à saúde disponibilizada. Grande parte das gestantes (48,8%) não realizou tratamento ou realizou de forma inadequada (26,9%). Já em relação aos parceiros, 69,9% não recebeu tratamento. A maioria das gestantes investigadas foi atendida no Hospital Municipal Heloneida Studart, representando 69,7% do total de grávidas, o que demonstra que foram diagnosticadas apenas no terceiro trimestre da gestação. A maioria dos testes não treponêmicos (NT) do sangue periférico foi reagente (76,4%), referindo a contaminação do recém-nascido no canal do parto ou no período gestacional por meio da transmissão transplacentária. O teste treponêmico (T) após 18 meses parece ter sido pouco realizado, uma vez que 37% dos casos foram considerados ignorados/vazios. Apenas 2,1% se apresentaram não reagentes. A maioria dos testes NT do liquor não foi reagente (69,9%) e não foram detectadas alterações liquóricas (67%) e nem em ossos longos (74,5%) na maioria dos pacientes. O esquema de tratamento mais utilizado foi com penicilina G cristalina 100.000 a 150.000 UI/KG/dia por 10 dias (54,1%), objetivando tratar a doença e evitar sequelas. 88% das pacientes sobreviveram à infecção por sífilis congênita (88,3%), demonstrando que o tratamento proposto pelo Ministério da Saúde é eficaz. Conclusão: Diante do cenário encontrado, surge a necessidade de ampliação da discussão sobre a efetiva implantação de políticas públicas de saúde direcionadas a essa população.

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