Artigo Acesso aberto Produção Nacional

C-LYNCH: Descrição de uma variação de técnica de sutura uterina para controle da hemorragia pós-parto

2019; Volume: 129; Issue: 2 Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-2019129203

ISSN

0368-1416

Autores

Cristiano Salles Rodrigues, Carlos Alexandre Ribeiro Goulart, Lara Soares Morales Bitencourt Emmanuel Matias, Consuelo Chicralla Martins, Yohanna Peixoto Vilela, Juliana Batista Siqueira,

Tópico(s)

Maternal and fetal healthcare

Resumo

Introdução: A hemorragia pós-parto (HPP) é uma das principais causas de mortalidade materna. O tratamento inicial dessa condição consiste em massagem uterina, uso da ocitocina, ergometrina e prostaglandinas. No insucesso com essas medidas iniciais, devem-se aplicar outros métodos rapidamente, na tentativa de controle da hemorragia. Em 1997, B-Lynch et al. descreveram uma técnica de sutura compressiva para pacientes de hemorragia pós-parto secundária à atonia uterina que não responderam ao tratamento farmacológico, introduzindo alternativa cirúrgica com menor morbidade do que as técnicas tradicionais. Objetivo: Compartilhar nossa experiência com uma variação da técnica cirúrgica de B-Lynch, que nos parece útil em situações críticas e sem incrementar os riscos maternos. Na análise da literatura nas bases de dados PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), não identificamos experiência registrada com essa variação da técnica em nosso meio. Métodos: Aplicou-se a variação da técnica de sutura de B-Lynch em três pacientes com diagnóstico de HPP secundária à atonia uterina durante cesariana, que não responderam ao tratamento farmacológico conforme norma do serviço. Descrição da técnica cirúrgica: estando o útero para fora da cavidade uterina, sem abrir a histerorrafia, utilizando fio absorvível de poliglactina número 1, de 90 cm e agulha ctx de 48 mm, transfixar no sentido anteroposterior, utilizando como ponto referência 2 cm abaixo da histerorrafia com 2 cm mediais a contar da borda uterina, passando pelas fibras do colo uterino, saindo no torus uterino. Na parte superior do útero, passar a agulha por fina camada do miométrio no fundo uterino e posteriormente dar nó duplo na altura do terço superior do corpo uterino, mantendo a agulha e comprimindo assim o útero. Com um segundo fio, transfixar no mesmo sentido e referência e sequência o lado contralateral, deixando agora o nó na altura do terço inferior do corpo uterino, comprimindo o outro lado do útero. Essa assimetria na finalização dos nós, mantendo-se o restante do fio e as agulhas, permitirá ao cirurgião transfixar o ligamento largo, contornando o corpo uterino nas partes superior e inferior, impedindo assim que o útero atônico aumente seu tamanho lateralmente. Resultados: Essa variação da técnica de B-Lynch tenta trazer algumas atualizações. Como normalmente o útero é limpo com compressas após a dequitadura, não se abriria a sutura uterina para revisão da cavidade. Ao se transfixar o útero abaixo da histerorrafia, na lateral uterina, bilateralmente, não haveria a ancoragem no torus uterino, que em certos casos pode levar à laceração dessa região com aumento do sangramento. Os nós das suturas dados nos terços superior e inferior do corpo uterino, com o uso do restante do fio para transfixar os ligamentos largos e novos nós anteriores, permitem que se faça a compressão uterina tanto no sentido longitudinal quanto transversal, levando ao maior bloqueio da atonia uterina. Conclusão: As medicinas, bem como as técnicas cirúrgicas, estão em constante evolução. A descrição dessa variação da técnica de B-Lynch, aqui denominada de C-Lynch, tem como função reduzir a perda sanguínea da paciente acometida por atonia uterina, tirando do cirurgião a “ansiedade” por manter a histerotomia “aberta” e acrescentar a compressão lateral do útero, reduzindo ainda mais a complacência uterina.

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