
Uso de balão stent na prevenção de recidivas de aderências intrauterinas após adesiólise histeroscópica: relato de caso
2019; Volume: 129; Issue: 2 Linguagem: Português
10.5327/jbg-0368-1416-2019129230
ISSN0368-1416
AutoresGustavo Luis Alves Pizani, Ilveu Cosme Dias, Larissa Sales Carneiro, Letícia Cavalieri Beiser de Melo, Lucas Fonseca Queiroz, Vanessa Silva,
Tópico(s)Gynecological conditions and treatments
ResumoIntrodução: A síndrome de Asherman caracteriza-se pela presença de aderências na cavidade uterina decorrentes de agressão endometrial, levando à obstrução parcial ou completa da cavidade ou do canal cervical e gerando amenorreia e infertilidade. A causa mais comum é a curetagem, e sua incidência após dois a três procedimentos é de 32%. O manejo cirúrgico com lise histeroscópica das aderências é o padrão ouro terapêutico e o principal desafio são as altas taxas de recorrência, especialmente em casos graves, que variam de 30 a 62,5%. Recentemente, a fim de evitar recidivas, introduziu-se, após a adesiólise histeroscópica, o balão intrauterino em formato de coração (heart-shaped intrauterine balloon). Os estudos demonstram taxas de recidiva de 15% após o uso do balão, além de taxa de concepção de 33,9% no acompanhamento. Objetivo: Avaliar o retorno do padrão menstrual fisiológico e da fertilidade após terapêutica com balão stent intrauterino e adesiólise histeroscópica em paciente com síndrome de Asherman. Métodos: Análise do uso do balão stent após adesiólise histeroscópica no período de agosto de 2018 e janeiro de 2019, em paciente de 34 anos, natural de Belo Horizonte, em amenorreia por oito meses, com dificuldade para engravidar. Apresenta histórico de múltiplas ressecções de miomas submucosos via histeroscopia. Realizou histerossalpingografia e vídeo-histeroscopia, antes e depois do uso do balão stent intrauterino. Primeiramente inseriu-se o balão de 3 mL, seguido por outro de 5 mL, com intervalo de 30 dias, ambos mantidos na cavidade intrauterina por 30 dias cada. Em associação ao uso do balão, realizou-se a terapia hormonal com estrogênio e progestagênio. Manteve-se o acompanhamento mensal em nível ambulatorial. Conduziu-se pesquisa de dados nas bases Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Resultados: Após a retirada do 1ª balão (3mL), a paciente ficou 30 dias em observação, sem o uso de hormônios, e apresentou sua primeira menstruação após os oito meses de amenorreia. Realizou-se nova histerossalpingografia, em que se visualizou a permeabilidade das tubas uterinas. Após o uso do 2ª balão stent, a paciente manteve o padrão menstrual fisiológico e retomou tentativa de gravidez por via natural, sem sucesso após quatro meses de acompanhamento. Conclusão: O uso do balão stent apresentou melhor perspectiva para pacientes em amenorreia decorrente da síndrome de Asherman grave, e, assim como a literatura médica descreve, a técnica apresenta benefícios para a recuperação do padrão menstrual. Entretanto, com a finalidade de restabelecer a fertilidade, o balão stent não foi capaz de demonstrar no curto prazo sua eficácia, tendo em vista que é capaz de impedir a neoformação de sinéquias, mas não é capaz de restabelecer a qualidade da cavidade uterina, mesmo com o uso de altas doses de estrogênio, contraposto pelo progestagênio. Para alcançar esse fim, são necessários outros procedimentos.
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