
Mudanças alimentares na coorte NutriNet Brasil durante a pandemia de covid-19
2020; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 54; Linguagem: Português
10.11606/s1518-8787.2020054002950
ISSN1518-8787
AutoresEurídice Martinez Steele, Fernanda Rauber, Caroline dos Santos Costa, Maria Alvim Leite, Kamila Tiemann Gabe, Maria Laura da Costa Louzada, Renata Bertazzi Levy, Carlos Augusto Monteiro,
Tópico(s)Obesity, Physical Activity, Diet
ResumoOBJETIVO Descrever características da alimentação dos participantes da coorte NutriNet Brasil imediatamente antes e na vigência da pandemia de covid-19. MÉTODOS Os dados deste estudo provêm de coorte de adultos criada para investigar prospectivamente a relação entre alimentação e morbimortalidade por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil. Para este estudo, foram selecionados os primeiros participantes (n = 10.116) que responderam por duas vezes a questionário simplificado sobre sua alimentação no dia anterior, a primeira vez ao ingressar no estudo, entre 26 de janeiro e 15 de fevereiro de 2020, e a segunda entre 10 e 19 de maio de 2020. O questionário indaga sobre o consumo de marcadores de alimentação saudável (hortaliças, frutas e leguminosas) e não saudável (alimentos ultraprocessados). Comparações de indicadores baseados no consumo desses marcadores antes e na vigência da pandemia são apresentadas para o conjunto da população estudada e segundo sexo, faixa etária, macrorregião de residência e escolaridade. Testes qui-quadrado e testes t foram utilizados para comparar proporções e médias, respectivamente, adotando-se p < 0,05 para identificar diferenças significantes. RESULTADOS Para o conjunto dos participantes, identificou-se aumento modesto, porém estatisticamente significante, no consumo de marcadores de alimentação saudável e estabilidade no consumo de marcadores de alimentação não saudável. Esse padrão favorável de mudanças na alimentação com a pandemia se repetiu na maior parte dos estratos sociodemográficos. Padrão menos favorável de mudanças, com tendência de aumento no consumo de marcadores de alimentação saudável e não saudável, foi observado nas macrorregiões Nordeste e Norte e entre pessoas com menor escolaridade, sugerindo desigualdades sociais na resposta à pandemia. CONCLUSÕES Caso confirmada, a tendência de aumento no consumo de alimentos ultraprocessados nas regiões economicamente menos desenvolvidas e por pessoas com menor escolaridade preocupa, pois a ingestão desses alimentos eleva o risco de obesidade, hipertensão e diabetes, cuja presença aumenta a gravidade e a letalidade da covid-19.
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