Artigo Acesso aberto

O quadro de cooperação sino-cabo-verdiano na era de Xi Jinping

2020; Instituto Português de Relações Internacionais; Issue: 65 Linguagem: Português

10.23906/ri2020.65a06

ISSN

2183-0436

Autores

Jorge Tavares da Silva, João Varela,

Tópico(s)

China's Global Influence and Migration

Resumo

Unidos no continente africano e uma redução da ajuda por parte de doadores tradicionais do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (cad) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (ocde).No caso europeu, há um enorme peso da história, pela herança da colonização, da escravatura, da exploração e da violência em todo o continente 7 .No início da segunda década do novo milénio, o impacto do investimento direto estrangeiro (ide) chinês e os fluxos de recursos naturais tornaram-se numa das questões mais relevantes nas relações internacionais e na política económica global.Neste trabalho, focamos a nossa abordagem num dos países africanos que têm estabelecido uma relevante relação com a rpc, num quadro de cooperação fora da petrodiplomacia.Trata-se de uma relação advinda das lutas de libertação que floresceram no continente na década de 1960.Após a independência de Cabo Verde, a rpc iniciou um plano de cooperação e investimento para o arquipélago, que envolveu uma variada gama de apoio à construção de infraestruturas e melhoria de edifícios da era colonial.A presença chinesa em África tem suscitado debate sobre as intenções e a estratégia definida por Pequim que contraria os valores e princípios assumidos pela ajuda ao desenvolvimento.Uns olham a China como «parceira», apenas preocupada com o estabelecimento de compromissos estratégicos numa lógica de ganhos mútuos (win-win), ampliando a agência dos atores africanos no exterior 8 , pese alguns riscos inerentes 9 ; outros como «competidora» 10 , apenas empenhada em obter recursos, sem atender às realidades políticas e sociais dos países 11 ; outros ainda como «colonizadora», num papel de predadora de recursos, como advertiu a anterior secretária de Estado americana Hillary Clinton 12 .Em muitos sentidos, como aponta Deborah Brautigam 13 , há uma diferença substancial entre a perceção europeia e americana sobre as intenções da China em África e o que se passa na realidade, interpretada pelos atores locais.O plano de cooperação tem uma natureza mista, mistura Investimento Direto Estrangeiro (ide), fluxos comerciais, redes de negócios, ajuda ao desenvolvimento ou cooperação descentralizada.A partir destas variáveis, o presente artigo analisa e avalia a relação de cooperação atual entre Cabo Verde e a China no período de governação de Xi Jinping (após 2012 e até ao final de 2019).Que semelhanças e diferenças, em sentido geral, encontramos no caso cabo-verdiano em relação ao quadro de cooperação sino-africano?Que projetos estão a ser desenvolvidos e quais os interesses da China no arquipélago?Que efeitos pode ter este novo quadro de cooperação para o desenvolvimento de Cabo Verde?Estas são algumas das questões que estão na base desta análise e servem de reflexão.O presente artigo começa por analisar o contexto histórico entre a China e o continente africano, com referência a indicadores económicos, para depois se centrar no caso específico das relações entre a China e Cabo Verde.Segue-se uma análise mais particular ao quadro de cooperação entre estes dois atores na era de governação de Xi Jinping, as suas principais dinâmicas e variáveis.It intends to examine the strategic economic assets of the African archipelago that motivate Chinese interests in the region and its variables.

Referência(s)