Artigo Acesso aberto Produção Nacional

O NARRADOR DEVASSADO: UM OLHAR SOBRE O FILHO ETERNO

2020; Volume: 16; Issue: 38 Linguagem: Português

10.48075/rt.v16i38.24153

ISSN

1981-4674

Autores

Cecília Guedes Borges de Araujo, Fabricio Fernandes,

Tópico(s)

Linguistics and Language Studies

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar o ponto de vista do narrador na obra O filho eterno, de Cristovão Tezza, com ênfase na representação da evocação memorialística da personagem principal. Discute-se aqui como a memória surge na consciência por meio de fluxos descontínuos e como a narrativa, por sua vez, simula esse movimento pendular, que não segue um padrão linear. A linguagem fragmenta-se, com discursos em primeira e terceira pessoas, provocando um efeito de confusão entre personagem e narrador. Destaca-se, ainda, nos fluxos de consciência do “pai”, uma sinceridade absoluta, expressa em linguagem objetiva, que emerge a partir da devassa em suas recordações mais recônditas, oscilando entre a vergonha do filho com síndrome de Down e a dedicação à provisão de estímulos motores e intelectuais para torná-lo uma criança “normal”. A fundamentação teórica da argumentação empreendida neste texto consiste em reflexões de Alvarez, Candido, Ginzburg e Naves, dentre outros.ReferênciasALVAREZ, Alfred. A voz do escritor. Tradução: Luiz Antonio Aguiar. Rio de Janeiro, Civilização brasileira, 2006.BARBOSA, João Alexandre. A modernidade do romance. In: PROENÇA FILHO, Domício (org.). O livro do seminário. São Paulo: L. R. Editores, 1983, p. 21 - 42.BARTHES, Roland. A morte do autor. Tradução de Mário Laranjeira. In: BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 1 - 5.BENJAMIN, Walter. O narrador. Tradução de S. P. Rouanet. In: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 197 - 222.CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. 12. ed., Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2011.FRIEDMAN, Norman. O ponto de vista na ficção: o desenvolvimento de um conceito crítico. Revista USP, São Paulo, nº 53, março/maio 2002, p. 166 – 182.GINZBURG, Jaime. Notas sobre elementos de teoria da narrativa. In: COSSON, Rildo (Org.). Esse rio sem fim - Ensaios sobre a literatura e suas fronteiras. Pelotas: Relatos, 2000, p. 113-136.JAMES, Henry. A arte do romance: antologia de prefácios. Organização, tradução e notas: Marcelo Pen. São Paulo, Globo, 2003.MOTTA, Luiz Gonzaga. A teoria da narrativa - narratologia. In: MOTTA, Luiz Gonzaga. Análise crítica da narrativa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2013, p. 71 – 92.NAVES, Rodrigo. A dificuldade da forma e a forma difícil. In: NAVES, Rodrigo. A forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo: Companhia das letras, 2011, p. 15 - 40.SCHØLLHAMMER, Karl Erik. Ficção brasileira contemporânea. 2. ed., Rio de Janeiro, Civilização brasileira, 2011.TEZZA, Cristovão. O filho eterno. Rio de Janeiro, Saraiva, 2011.Recebido em 01-03-2020 | Aceito em 10-05-2020

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