
“COMO GENTE TEMEROSA E DESESPERADA EM QUE NÃO HÁ VIRTUDE NEM FORTALEZA”
2020; FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE; Volume: 5; Issue: 16 Linguagem: Português
10.32748/revec.v5i16.14159
ISSN2446-7189
AutoresJerry Santos Guimarães, Marcello Moreira,
Tópico(s)Historical Education and Society
ResumoNeste artigo discutimos como a covardia, apontada por Aristóteles e por Flávio Vegécio como um vício recorrente e perigoso no teatro da guerra, é particularizada na Idade Média Ibérica como uma característica sobretudo da peonagem, corporação de guerreiros cuja origem social é a chamada “gente miúda”. Evidenciamos que o topos do peão covarde que se desespera ao avistar seus inimigos e que foge do campo de batalha, antepondo assim sua vida à honra, faz-se presente nas Siete Partidas, escritas a mando de D. Alfonso X de Leão e Castela, no século XIII, e nas Ordenações Afonsinas, promulgadas em Portugal em meados do século XV. Estes códigos jurídicos, ao mesmo tempo em que explicam tal conduta vil dos peões a partir do seu “sangue baixo”, dão úteis conselhos aos chefes militares sobre como mitigar tal problema, de modo a que a expectável covardia da peonagem não cause a ruína de toda a hoste. Por fim, analisamos como os primeiros cronistas-mores da Dinastia de Avis, ao historiarem algumas guerras nas quais o reino português se envolveu nos séculos XIV e XV, atualizam o topos do peão covarde prescrito pelas citadas autoridades como um dos meios de conferir verossimilhança às suas narrativas históricas. Palavras-chave: Escrita da História. Retórica. Covardia.
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