Pode um deus dar à luz? Msj nos hinos religiosos do império novo egípcio (c. 1539-1077 a.C.): para uma (re)avaliação da “androginia” da divindade criadora
2020; Volume: 11; Issue: 1 Linguagem: Português
10.11606/issn.2177-4218.v11i1p61-103
ISSN2177-4218
Autores Tópico(s)Global Maritime and Colonial Histories
ResumoA divindade criadora egípcia, predominantemente masculina, tem sido interpretada como andrógina com base, entre outros motivos, no facto de esta executar acções-msj, habitualmente projectadas na esfera feminina. O presente artigo pretende auscultar as diferentes atestações de msj enquanto expressão de um acto cosmogónico nos hinos religiosos do Império Novo egípcio (c. 1539-1077 a.C.). Este exercício exploratório estrutura-se em dois eixos fundamentais: por um lado, a constatação de que nem todas as atestações de msj remetem para um acto biológico e/ou reprodutivo; por outro, a compreensão de que a capacidade (pro)criadora da divindade não a coloca forçosamente no espectro da não-binariedade de género. Para tal, atentar-se-á à distribuição dos determinativos nas diferentes grafias do vocábulo, mas também aos contextos fraseológicos em que o mesmo figura, a partir de uma selecção das fontes que constituem este corpus. Pretende-se assim encetar um entendimento mais matizado do vocábulo e, por extensão, questionar a pertinência do epíteto “andrógino” na caracterização do deus criador.
Referência(s)