Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Pequeno livro do desassossego sociolinguístico

2020; Linguagem: Português

10.25189/rabralin.v19i3.1735

ISSN

0102-7158

Autores

Emílio Gozze Pagotto,

Tópico(s)

Linguistic and Sociocultural Studies

Resumo

O episódio da mesóclise cometida pelo Ex-Presidente Michel Temer no seu discurso de posse é o ponto de partida para pensar a relação entre as categorias tradicionais por meio das quais se trabalha o significado social no campo da sociolinguística – como prestígio ou identidade – e a dimensão política da linguagem. A hipótese central é a de que categorias tradicionais da sociolinguística não são suficientes para explicar os efeitos de sentido presentes no uso da colocação pronominal na fala do presidente. De fato, é preciso lançar mão dos efeitos de memória incrustados nas construções sintáticas, e para explicá-los é necessário voltar à crise normativa do final do século XIX, que coincide com a instauração do regime republicano no Brasil. Nesse sentido, é notável como a colocação pronominal emerge em vários momentos significativos da história do Brasil, como um sintoma fundamental da relação entre ordem e desordem, barbárie e civilização, nos nossos projetos de nacionalidade.

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