O Cego e o Rosto Uma leitura ético-poética de Clarice Lispector
2020; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO; Volume: 10; Issue: 22 Linguagem: Português
10.23925/2236-9937.2020v22p143-158
ISSN2236-9937
AutoresMarília Murta de Almeida, Nilo Ribeiro,
Tópico(s)Psychology and Mental Health
ResumoEste artigo trata de fazer uma interpretação do conto “Amor”, da escritora Clarice Lispector, em diálogo com o pensamento de Emmanuel Lévinas, aqui evocado tanto pela pertinência de sua reflexão sobre a alteridade para a leitura do conto clariceano, quanto pela sua teoria ético-literária que traz para o cerne de suas ideias a consideração da literatura de ficção. Assim, a partir das ideias de Lévinas sobre a alteridade do texto literário, a experiência vivida pela personagem Ana, protagonista do conto, é aqui compreendida sob a luz das reflexões levinasianas sobre o encontro com a alteridade do Rosto do outro. O relato do conto permite perceber como esse encontro, marcado pela infinitude da diferença que lança a vivência humana à abertura ao que não pode mais ser controlado e nem mesmo conhecido, invade a experiência a ponto de obrigar a personagem a um (re)posicionamento pessoal frente às outras pessoas, mas sem que essa transformação leve ao distanciamento em relação àqueles que são os mais próximos.
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