
O teatro do grotesco como cenário da desconstrução do Brasil
2020; Linguagem: Português
10.25189/rabralin.v19i3.1730
ISSN0102-7158
Autores Tópico(s)Youth, Politics, and Society
ResumoO presente artigo analisa, à luz da Análise do Discurso, a fala pública do presidente do Brasil, eleito em 2018. Uma distinção entre seguidores e apoiadores é estabelecida com base no jogo cruzado das formações imaginárias, através dos modos de dizer do governante em relação a esses dois grupos e também em relação a si mesmo. Seus seguidores são visíveis e ruidosos, vestidos de verde-amarelo, identificando-se plenamente com seu presidente, nele espelhando suas práticas. Eles produzem o efeito de uma massa de apoiadores, enquanto os apoiadores efetivos, em sua invisibilidade, sustentam seu presidente no poder para que ele realize as reformas próprias a um sistema neoliberal. Esse governo está desconstruindo o patrimônio cultural e ambiental e promovendo o desmonte da saúde e da educação. Esse presidente, que chegou ao poder por instrumentos democráticos, aproveita-se das liberdades próprias à democracia, aproximando-se, cada vez mais, dos saberes fascistas. Se, por um lado, é impossível ignorar tais avanços, por outro, não é possível afirmar que o atual governo instituiu um Estado fascista. A escuta discursiva mostrou que esse discurso se materializa em uma língua política fascista, inscrita em um regime de repetibilidade, que faz ressoar saberes do fascismo. Além disso, essa língua - desabrida e truculenta – pratica violência verbal. Seu léxico, extremamente vulgar, expõe sua homofobia e misoginia. Seu discurso se materializa através de uma fraseologia marcada por uma sintaxe rudimentar que produz frases curtas, truncadas e/ou desestruturadas. Sua língua é uma metáfora de seu governo.
Referência(s)