
Paradoxos das políticas identitárias: (des)racialização como estratégia quilombista do comum
2020; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ; Volume: 42; Issue: 3 Linguagem: Português
10.4025/actascihumansoc.v42i3.56465
ISSN1807-8656
AutoresTadeu de Paula Souza, José Geraldo Soares Damico, Emiliano de Camargo David,
Tópico(s)Religion and Society in Latin America
ResumoEste artigo parte do pressuposto que as políticas identitárias serão necessárias até quando as desigualdades sociais estiverem relacionadas à algumas identidades. Contudo, a noção de identidade tem sido criticada ao longo dos anos pelo pensamento europeu que analisa o Estado Moderno Capitalista, em campos do saber como filosofia, psicologia e psicanálise. Este saber crítico foi importado colonialmente para o Brasil, fazendo com que as pautas identitárias dos movimentos sociais negros, muitas vezes, sejam desconsideradas por esses campos, posição confortável porque mantém o status quo da branquitude brasileira. Esse artigo apresenta algumas contribuições para a formulação de um sistema-mundo onde a raça não sustentará as desigualdades sociais. Para tanto, contraditoriamente será necessário racializar àqueles que se entendem modelo universal de humanidade. Por meio de revisão de literatura, discutimos a cosmologia do privado (com base nos mitos de origem europeus, com ênfase no mito do contrato-social e o mito do capital inicial), e apresentamos a proposta/resposta de sociedade individualista, acumulativa e egoísta forjada por essa cosmologia. Como revés a essa lógica de mundo, propomos uma cosmologia do comum (com base nos mitos Yorubás, em destaque a tríade Emì, Ofò, Asé) no combate do primado da razão colonial, enquanto perspectiva filosófica que preserva a espiritualidade e, acima de tudo, sustenta uma proposta política aquilombada de civilização.
Referência(s)