Uma visão global sobre a gestão do risco de cheias torrenciais na Madeira. Perspetivas e desafios
2020; Linguagem: Português
10.34037/978-989-54942-9-3_9_4
ISSN2184-5727
Autores Tópico(s)Flood Risk Assessment and Management
ResumoO presente capítulo consiste numa tentativa de apresentar uma revisão do processo de gestão do risco de aluviões na Ilha da Madeira, onde as bacias hidrográficas são muito suscetíveis a uma mistura de processos hidrogeomorfológicos complexos, marcados pela formação de escoamento turbulento, com origem nos ribeiros de montanha. O Plano de Gestão de Riscos de Inundações, que está em vigor desde 2017, preconiza um conjunto vasto de medidas de redução do risco, algumas das quais implementadas nos anos subsequentes à aluvião de fevereiro de 2010, e sustentadas no Estudo de Avaliação do Risco de Aluvião (Almeida et al., 2010). Destaca-se a importância de adotar uma estratégia de gestão integrada do risco, que requer coordenação e vigilância constante, num processo de incorporação de medidas não estruturais e estruturais. As primeiras englobam medidas de conservação e uso do solo, o ordenamento do território e a implementação de sistemas tanto de prevenção, como de alerta e de seguros (Ramos, 2009), ao passo que as medidas estruturais correspondem a intervenções de engenharia de controlo dos processos de produção, transporte e deposição da carga sólida transportada pelos cursos de água, mencionando-se a regularização fluvial nas áreas urbanas e a construção de barreiras descontínuas de retenção do caudal sólido grosseiro nos cursos de água principais. Os programas de povoamento e repovoamento florestal nas cabeceiras das bacias, não só favorecem a conservação do solo, mas também, representam uma medida estruturante para a sustentabilidade da bacia hidrográfica. Nesta perspetiva de gestão integrada deve ser dada igual importância a outros aspetos, designadamente: a) sensibilização e educação da população para a redução do risco de catástrofe; b) manutenção dos programas de monitorização das condições de funcionamento das bacias hidrográficas de maior vulnerabilidade; c) a investigação e o aprofundamento dos conhecimentos sobre as aluviões. Neste contexto, considera-se importante desenvolver uma metodologia de coordenação regional da estratégia de gestão do risco, a aplicar nos projetos e organizações, não apenas para responder às catástrofes de cheia, mas sobretudo para as antecipar.
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