
IDENTIDADE E PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA TRANSIÇÃO CAPILAR NO ENFRENTAMENTO AO RACISMO / IDENTITY AND PROCESSES OF SUBJECTIVATION: THE IMPORTANCE OF THE CAPILLARY TRANSITION IN FACING RACISM
2020; Brazilian Journal of Development; Volume: 6; Issue: 12 Linguagem: Português
10.34117/bjdv6n12-236
ISSN2525-8761
AutoresAline Moreno Mendes, Ana Maria de Lima Carneiro, Joseane Macedo dos Anjos,
Tópico(s)Chemistry Education and Research
ResumoAo longo da historia, a Psicologia brasileira produziu conhecimentos que reforcaram estereotipos raciais, todavia, mesmo em dias atuais se mantem conivente com o racismo quando se silencia frente a esse tipo de desigualdade politica, fazendo-se necessaria a discussao da tematica do racismo nas grades curriculares de psicologia, de modo a pensar a atuacao do psicologo nesse âmbito, pautada nos principios fundamentais do Codigo de Etica profissional, compreendendo os efeitos psicossociais do racismo, uma vez que o racismo tem efeitos diretos na saude mental, no autoconceito, bem como na autoestima do sujeito negro. No Brasil, durante muito tempo, os negros sofreram dominacao politica, economica e cultural, o preconceito frente ao sujeito negro se amplia a todos sentidos, sobretudo na estetica, na identidade, e o cabelo do negro reflete todo esse conflito, sendo considerado tambem como um sinal de pertencimento a um grupo, e um dos principais signos da identidade negra, que e constituida no processo que inclui o olhar para si, bem como a relacao com o olhar do outro visto que as experiencias que uma pessoa tem com o seu cabelo ao longo da vida afetam diretamente o seu autoconceito. Com isso, esta pesquisa teve como objetivo verificar os efeitos da transicao capilar na autoestima e no enfrentamento ao racismo. Constituiu-se como uma pesquisa netnografica quantiqualitativa, com dados obtidos por meio de questionario, aplicado a 134 pessoas de dezoito estados brasileiros e uma dos Estados Unidos. Verificou-se que 59,7% dos entrevistados entendem a transicao capilar como um protesto contra o racismo e que 79,9% disseram ja ter sofrido preconceito com seu cabelo, sendo um dos principais alvos do preconceito racial. Nota-se que a valorizacao das caracteristicas brancas, como o cabelo liso, reforca no sujeito a sensacao de estar fora do padrao, corroborando para uma autoestima reduzida, esse efeito na autoestima e confirmado nesta pesquisa, visto que “antes da transicao capilar” (44,8%) e “durante a transicao” (36,6%) a autoestima foi considerada como “media”, todavia, “depois da transicao capilar” a autoestima passa a ser considerada como “muito alta” (27,6%). Com base nos dados apresentados, concluiu-se que o racismo constitui-se como forma de promocao do sofrimento psicologico no sujeito negro, levando-o a nao aceitar-se em seu proprio corpo, induzindo a buscar formas de embranquecimento para ser aceito no padrao social preestabelecido. Deste modo, a transicao capilar e apresentada como forma de enfrentamento ao racismo, atraves de uma ressignificacao de sua identidade e aceitacao de seus tracos de origem. Nesse contexto, a psicologia enquanto ciencia e profissao deve se atentar aos processos de subjetivacao e os efeitos na autoestima provocados pelo racismo, de forma a pensar como o racismo atravessa a construcao subjetiva do sujeito, inteirando-se, portanto, sobre os debates acerca da tematica, de modo a posicionar-se pensando acoes pautadas em um compromisso etico-politico do fazer profissional da psicologia, prezando pela dignidade humana e a promocao da saude mental.
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