Artigo Acesso aberto Revisado por pares

A Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian durante o PREC

2020; University of Évora; Issue: 12 Linguagem: Português

10.4000/midas.2396

ISSN

2182-9543

Autores

Filipa Coimbra,

Tópico(s)

Historical and Political Studies

Resumo

A Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian – a mais relevante coleção de arte moderna e contemporânea portuguesa, iniciada em 1957 e tutelada pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) – carece de estudo aprofundado sobre a sua constituição e desenvolvimento, ao longo de mais de 60 anos de incorporações. A análise à evolução deste acervo, no momento subsequente à Revolução de 25 de Abril de 1974, período ainda pouco investigado no âmbito da historiografia da arte e do colecionismo em Portugal, torna este estudo ainda mais oportuno. Da pesquisa realizada nos fundos dos Arquivos Gulbenkian e no inventário da coleção concluiu-se que, entre os anos de 1975 e 1977, ocorreu algo sem precedentes no desenvolvimento do acervo: um acordo de compra de obras de arte contemporânea entre a FCG e a Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA), em exposições organizadas pela Sociedade. No período "quente" e instável que o país atravessava, estas duas instituições, fundamentais no desenvolvimento do meio artístico português, estreitavam laços de cooperação. Para além da aliança institucional, o acordo garantia ainda o apoio financeiro aos artistas e à SNBA, num período de estagnação do mercado da arte nacional. Durante estes anos, o desenvolvimento da coleção foi quase exclusivamente garantido pelas aquisições realizadas nestas exposições da SNBA, reforçando a representatividade da produção contemporânea e de artistas cujas carreiras se projetariam na década seguinte. A curta duração deste acordo estará certamente relacionada com a pacificação do ambiente político-social e com o consequente processo de reorganização artística do país.

Referência(s)