
Arte
2020; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; Volume: 62; Linguagem: Português
10.20396/cel.v62i00.8656983
ISSN2447-0686
Autores Tópico(s)Linguistics and Education Research
ResumoFreud toma como ponto de partida o retorno do recalcado à consciência, que se dá na forma de sintomas, atos falhos, chistes e sonhos, para tentar traçar um caminho de elaborações teóricas em direção ao inconsciente. Inversamente, esse material presente no inconsciente e estruturado como uma linguagem, para que possa irromper na consciência, precisou também traçar seu próprio caminho, somente possível através de uma deformação. Este artigo tem como objetivo discutir uma possível relação entre arte e psicanálise, particularmente entre poesia e psicanálise, considerando-se o mistério envolvido nos caminhos encontrados pela pulsão para que possa atingir sua meta de satisfação. Assim, atentando-se, de um lado, para o sintoma como uma satisfação possível através do destino do recalque, e, de outro, para a arte como um saber-fazer com o Real e uma satisfação possível através do destino da sublimação, pretende-se tentar realizar uma leitura do poema Uma faca só lâmina (ou Serventia das ideias fixas) de João Cabral de Melo Neto que não seja uma mera exemplificação ou aplicação daquilo que é posto pela teoria de Freud e Lacan. Considerando-se que toda interpretação atinge inevitavelmente um ponto de impasse tanto no âmbito da literatura quanto da clínica psicanalítica, toma-se aqui a dimensão da letra como aquilo que nos aponta para um impossível de dizer e que, no entanto, pode ser escrito.
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