
“A vida como ela é...": da zona norte à zona sul pulsa o Rio de Janeiro romântico de Nelson Rodrigues
2021; UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA; Volume: 1; Issue: 16 Linguagem: Português
10.35921/jangada.v1i16.303
ISSN2317-4722
Autores Tópico(s)Urban Development and Societal Issues
ResumoEste artigo pretende diagnosticar a relação de Nelson Rodrigues (1912-1980) e sua ficção jornalística através de seu ensejo memorialístico como matéria-prima elementar, tendo a cidade do Rio de Janeiro como cerne de sua percepção do cotidiano das ruas e mudanças comportamentais nos “anos dourados”. As crônicas analisadas (“Mausoléu” e “Marido Fiel”) fazem parte do contexto da década de 1950 e foram escritas na coluna diária “A vida como ela é...” (1951-1961), do Jornal “Última Hora”, e trazem em sua construção similaridade com outras obras publicadas pelo escritor, também de teor memorialístico ou ficcional ao pensar a cidade, tais como (“O Casamento”, “A menina sem estrela”, “O Óbvio Ululante”, “Cabra Vadia” e “Dorotéia”). Como estas, as crônicas de “A vida como ela é...” se entrelaçam na construção de sua visão romântica ao perceber a sociedade carioca, palco de intensas mudanças estruturais, que ainda trazia consigo o pessimismo e a nostalgia da belle époque emoldurando as relações sociais dentro de um ordenamento social mais coeso e moralista, período este que o jornalista traz como marca temporal em sua escrita. Permeando esse sentimento de passado como refúgio, ou de apego às relações mais tradicionais, o cronista capta os sinais, indícios e detalhes. O olhar sobre as fontes documentais se faz a partir da contribuição do paradigma indiciário de Carlo Ginzburg (1939-), ao perceber as minúcias de um presente em fragmentação que se transforma em discurso pela ótica ficcional, sendo esta inteligível para o entendimento das tramas no tempo.
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