Coisas quebradas: afetividades desviantes
2021; Volume: 6; Linguagem: Português
10.5433/sgpp.2020v6.p1577
ISSN2177-8248
AutoresLudmila de Almeida Castanheira, Lua Lamberti de Abreu,
Tópico(s)Gender, Sexuality, and Education
ResumoA performance de feminilidade em nós está “quebrada”. Nós somos mulheres: uma cis, lésbica outra trans, com afetividades circunstanciais. Para o olhar normativo, nos falta ou sobra algo. Não correspondemos ao binarismo de gênero. Nós estamos entre. E não há espaço para o que não se deixa catalogar imediatamente. Se as impressões sobre nós não são precisas, nós, automaticamente, somos retiradas da categoria humana. Nos tornamos coisas e, como tal, não merecemos qualquer deferência. As “coisas” devem ser eliminadas do mundo maniqueísta no qual nenhuma dúvida é bem-vinda. Somente por existir, nós ameaçamos os frágeis castelos de areia da normatividade. A partir dessa perspectiva, de existências que perturbam o estabelecido, temos sido mortas, fetichizadas, silenciadas. Não somos casal, nem família. Bando, talvez. Nós nos queremos assim, quebradas, olhando para as feridas uma da outra, e debochando da obviedade da vida circunscrita pela norma.
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