
Para uma compreensão da violência divina na educação: análise do conto A Benfazeja de Guimarães Rosa
2021; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS; Volume: 15; Linguagem: Português
10.14244/198271993829
ISSN1982-7199
AutoresSérgio Ricardo Silva Gacki, Patrícia Rosí Prohmann,
Tópico(s)Arts and Performance Studies
ResumoDiscutiremos, neste artigo, a complexa tecitura da violência divina no campo da educação e sua configuração na literatura em um conto de Guimarães Rosa. O conceito de violência divina foi desenvolvido por Walter Benjamin, que percebeu a educação como um dos exemplos para a aparição desta violência. Tal análise se sustenta também na visão do autor como perspicaz crítico literário, que expressou sua compreensão de que a arte possa ser manifestação de conteúdos implícitos, fragmentados e soterrados pela história contada nas versões oficiais. No “desvio” benjaminiano, esta análise pretende, à luz da hermenêutica filosófica e da psicologia, buscar um entendimento enriquecido e diferenciado que convide o leitor a uma compreensão mais profunda do texto e no que isso importa, para outro olhar sobre a educação. Benjamin caracterizou a violência em dois tipos: a violência mítica e a violência divina. O autor refere que a violência mítica recebe esse nome por ser cíclica, por se repetir entre instauração e manutenção do sistema. A violência divina rompe com o ciclo, pois de-põe o sistema, sem a intenção de instaurar nada no lugar, ela apenas se insurge, se rebela. Buscaremos, nesse sentido, uma possibilidade de oposição à violência mítica que compreendemos como a violência do Estado (que detém seu monopólio) e da manutenção do poder, conforme Walter Benjamin explicita no texto “Para uma crítica da violência” (1921).
Referência(s)