Hidradenite supurativa: uma revisão da literatura
2020; Linguagem: Português
10.5327/jbg-0368-1416-2020130222
ISSN0368-1416
AutoresAna Clara Machado Pinheiro Lima, Victoria Relvas Fernandes Vianna, Vera Lúcia Mota da Fonseca, Roberto de Azevedo Antunes, Afrânio Coelho-Oliveira,
Tópico(s)Chemotherapy-related skin toxicity
ResumoIntrodução: A hidradenite supurativa (HS) é uma doença folicular inflamatória crônica causada pela oclusão e ruptura de unidades foliculares, com acometimento secundário de glândulas apócrinas, principalmente nas regiões axilar, inframamária, inguinal e anogenital. Afeta 1 a 4% da população, com maior incidência em mulheres (3:1). A obesidade e o tabagismo são importantes agravos à doença. Objetivo: Divulgar conhecimento científico sobre a HS, a fim de expor e elucidar os desafios diagnósticos e, principalmente, de seu manejo. Material e Métodos: Realizada revisão da literatura científica disponível nas principais bases de dados, incluindo análise do mais recente editorial publicado sobre HS pela The International Society for the Study of Vulvovaginal Disease (ISSVD). Resultados e Conclusão: Geneticamente, há fraqueza de parede folicular, com facilidade em sua ruptura. De acordo com a severidade, é classificada em Estágio I de Hurley — formação de abscesso, único ou múltiplo, sem fistulização ou cicatriz, geralmente de resolução espontânea; Estágio II — lesões coalescidas, fibrose cutânea e fístulas, por abscessos recorrentes, persistente; Estágio III — envolvimento difuso, conexões de tratos fistulosos, abscessos e cicatrização hipertrófica fibrosa. Diagnosticada pela característica típica das lesões, por sua topografia e pela presença de recorrência e cronicidade. O tratamento objetiva prevenir o aparecimento de novas lesões e reduzir a extensão e a progressão das existentes; prevenir a cicatrização e a fistulização das lesões extensas; estimular a cessação do tabagismo, a prática de depilação a laser; e reduzir traumas adicionais, evitando-se calor, umidade, fricção e suor. Em todos os estádios, considerar o uso de metformina, principalmente em sobrepeso. No geral, sugere-se o uso de medicações tópicas, com clindamicina loção 1%, e corticoides intralesionais, como acetato de triancinolona, e antibioticoterapia sistêmica por 7‒10 dias, com amoxicilina + clavulanato, doxiciclina ou clindamicina. Terapia antiandrogênica com drospirenona e etinilestradiol, e uso de espironolactona ou finasterida mostraram-se benéficos em alguns estudos. O uso de gluconato de zinco, vitamina C e vitamina D3 foi favorável na prevenção de novas lesões. O tratamento cirúrgico envolve incisão ampla quando de forma persistente. No Estágio III, a terapia principal é cirúrgica, sendo as outras medidas farmacológicas também importantes, mas de menor impacto. Recomenda-se o uso de imunobiológicos, como infliximab ou adalimumab, por serem grandes aliados na redução de sinais flogísticos no pré-operatório, a fim de simplificar a cirurgia. A HS é uma enfermidade de difícil diagnóstico e manejo. Não se dispõe de um tratamento ideal que forneça bons resultados funcionais e estéticos para todos os pacientes. A abordagem cirúrgica vem despontando como alternativa com bons resultados. A informação e o apoio são essenciais, haja vista o impacto na qualidade de vida gerado pela doença.
Referência(s)