Infecção fetal pela chikungunya
2020; Linguagem: Português
10.5327/jbg-0368-1416-2020130254
ISSN0368-1416
AutoresAna Rebecca Rodrigues Barud, Fernando Maia Peixoto Filho, Paulo Roberto Nassar de Carvalho,
Tópico(s)Global Maternal and Child Health
ResumoIntrodução: Chikungunya é uma doença arboviral, transmitida aos seres humanos pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, e que pode passar verticalmente de mãe para filho, especialmente durante o período perinatal. Os neonatos têm maior probabilidade de serem afetados quanto mais perto do termo. Objetivo: Mães com febre de Chikungunya no período perinatal podem transmitir, em até 85% dos casos, o vírus aos recém-nascidos por transmissão vertical, resultando em infecções graves em 90% dos casos. Os objetivos deste trabalho foram revisar os dados disponíveis sobre a doença e apresentar modelo de acompanhamento da gestante e do feto acometidos. Materiais e Métodos: Este trabalho é uma revisão bibliográfica contendo uma avaliação crítica dos dados publicados até a presente data. Na pesquisa, utilizaram-se as bases de dados científicas PubMed, Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Bireme. Os critérios de busca foram: procura, em português e inglês, por Chikungunya em conjunto com termos relacionados à gravidez, como “gravidez”, “grávida”, “neonato”, “perinatal”, “mãe”, “congênita”, “transmissão vertical” e “aborto”. Foram incluídos todos os trabalhos que, em seu título e/ou resumo, abordassem os assuntos infecção por Chikungunya na gravidez, prognóstico e complicações fetais ou neonatais; e foram excluídos os trabalhos não relativos a seres humanos ou que não estavam disponíveis em idioma português, inglês, espanhol ou francês. Resultado e Conclusão: Segundo a literatura, o risco de transmissão fetal antes de 22 semanas parece raro, mas quando ocorre é grave. Em um estudo com 1.400 grávidas, somente a internação diferiu entre as infectadas e não infectadas (40 versus 29%). Desfechos como cesariana, hemorragia, prematuridade, natimortos, peso ao nascer e malformações foram semelhantes. Já em uma revisão da literatura realizada, prematuridade foi um desfecho em 46% dos estudos, podendo ser desencadeada pela infecção viral. Sofrimento fetal foi relatado como causa da indicação de cesárea. A raridade de lesões histológicas da placenta confirmou a ausência de infecção placentária e explicou a raridade de casos de Chikungunya fetal antes do nascimento. Um estudo de coorte avaliou imunoglobulina G e M para vírus da Chikungunya (IgM e IgG VCHIK) dos neonatos para detectar infecção precoce ou tardia e não encontrou evidências de infecção congênita em bebês nascidos vivos assintomáticos expostos ao VCHIK durante a gravidez. As crianças infectadas no período periparto nascem com viremia muito baixa ou mesmo indetectável, o que torna improvável a hipótese de microtransfusão placentária. O mecanismo presumido de transmissão viral é a passagem direta do sangue materno para a circulação fetal por meio de brechas placentárias durante o parto. A Chikungunya é uma doença que pode levar a graves consequências em bebês infectados com possíveis sequelas, principalmente neurológicas, ou óbito fetal. Visto que não há tratamento específico e as graves consequências possíveis para o recém-nascido, as orientações de medidas preventivas são de extrema importância no pré-natal.
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