Artigo Acesso aberto

Embolia amniótica em intraoperatório de cesariana em gestação gemelar: relato de caso

2020; Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-2020130280

ISSN

0368-1416

Autores

Aline Silva Izzo, Maria Eduarda Furtado Fernandes Terra, Isabela Ribeiro Carvalho de Castro, Deborah Cristina Santos de Araújo Barros, Nathalia do Monte Lima Grisoli, Guilherme Ramires de Jesús,

Tópico(s)

Pregnancy and preeclampsia studies

Resumo

Introdução: A embolia amniótica é uma complicação rara, porém com taxas de mortalidade materna de até 60%. O diagnóstico é clínico e de exclusão, caracterizado por hipóxia, colapso hemodinâmico e coagulopatia durante o parto ou nos 30 minutos seguintes. A fisiopatologia parece envolver ativação anômala de mediadores pró-inflamatórios na circulação materna em resposta a um antígeno fetal. O manejo se baseia em suporte hemodinâmico e parto imediato. Objetivo: Relatar o caso de paciente encaminhada a centro de referência em razão de gestação gemelar dicoriônica diamniótica, com feto 1 hidrópico e óbito de feto 2 em razão de sífilis congênita, que evoluiu com embolia amniótica e instabilidade hemodinâmica em intraoperatório de cesariana. Material e Métodos: Realizada revisão de prontuário para acesso a internação, exames, procedimentos e evolução do caso, associada à revisão da literatura acessada nas bases de dados PubMed e Uptodate. Resultados: Paciente J.M.P., sexo feminino, 20 anos, G2P1N, idade gestacional de 27 semanas e 6 dias, sem comorbidades conhecidas, fazia pré-natal irregular de gestação gemelar dicoriônica diamniótica em unidade básica de saúde. Foi encaminhada a centro de referência, assintomática, em razão de ultrassonografia (USG) externa evidenciando ascite em feto 1 e óbito de feto 2. A paciente foi internada e exames laboratoriais da internação evidenciaram tipo sanguíneo O negativo, coombs indireto negativo, sífilis de duração indeterminada (Venereal Disease Research Laboratory — VDRL 1/512) e anemia (Hb 7,9). Nova ultrassonografia demonstrou feto 1 hidrópico, com oligodramnia e ducto venoso alterado, e feto 2 com normodramnia e batimentos cardíacos fetais ausentes. Realizada cesariana após sulfato de magnésio para neuroproteção fetal em razão das alterações evidenciadas em USG de feto 1, com ambos os fetos natimortos. Após a extração dos fetos, paciente evoluiu no intraoperatório com episódio de crise convulsiva, rebaixamento do nível de consciência e instabilidade hemodinâmica, com necessidade de intubação orotraqueal. Ao término da cirurgia, apresentou parada cardiorrespiratória em atividade elétrica sem pulso (AESP), sendo iniciada ressuscitação cardiopulmonar com retorno à circulação espontânea após dez minutos. Durante os cuidados pós-parada, foi identificado quadro de coagulação intravascular disseminada (tempo de tromboplastina parcial ativado incoagulável e fibrinogênio de 17 mg/dL) e hemorragia pós-parto, revertida com ocitocina, ácido tranexâmico, metilergometrina, misoprostol, inserção de balão intrauterino e protocolo de hemotransfusão maciça. Após estabilização hemodinâmica, a paciente foi transferida para hospital geral para melhor acompanhamento clínico. Conclusão: A embolia amniótica é uma rara complicação da gestação. Em virtude da sua gravidade e instalação abrupta, é de extrema importância o seu reconhecimento precoce e pronta instalação de métodos terapêuticos que garantam melhores chances de sobrevida ao binômio materno-fetal.

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