Investigação de violência doméstica, sexual e/ou outras violências ao curso da pandemia de Covid-19 em uma capital do Brasil

2020; Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-2020130234

ISSN

0368-1416

Autores

Nadine Correia Silva Santos, Bruna Valentim Amichi Bessa, Camila Osterne Muniz, Alice Rios de Oliveira, Vanessa Oliveira Ferreira, Lídia Lima Aragão Sampaio,

Tópico(s)

Intimate Partner and Family Violence

Resumo

Introdução: As medidas adotadas pelas lideranças governamentais para frear o coronavírus se baseiam na prática do isolamento social. Do ponto de vista da saúde pública, os benefícios das medidas são inquestionáveis, mas as mudanças estruturais na sociedade inerentes ao período de pandemia criam ambiente favorável para violência, a qual constitui fator de risco para a ocorrência de abusos. O documento “Violência Doméstica durante a Pandemia de COVID-19” confirma a ascensão do fenômeno mascarado pelo concomitante aumento da subnotificação de denúncias no país entre fevereiro e abril de 2020. O mesmo já se verifica em outros países, por exemplo, Estados Unidos e Reino Unido. A plena compreensão do cenário brasileiro nesse contexto aliada à produção científica de outros países sobre a temática pode orientar o desenvolvimento de políticas públicas de enfrentamento ao problema efetivas e factíveis. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico das notificações de violência contra as mulheres no município de Salvador, Bahia, entre o período de janeiro a junho nos anos de 2018, 2019 e 2020. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, retrospectivo, realizado no município de Salvador, no estado da Bahia. Os dados foram obtidos a partir do Sistema TABNET/DATASUS. A escolha do período ocorreu pela disponibilidade desses dados e pela correlação marcante diante da temporalidade do início da pandemia do Covid-19. Os resultados foram apresentados por meio de tabelas e gráficos construídos com o auxílio do software Excel. Resultados: Em janeiro de 2017, comparado a 2018, houve um aumento de 3,9%; em fevereiro, de 42,3%; em abril, de 46,1%; em maio, de 5,9%; e em junho, de 30,5%. Por outro lado, em março houve uma redução de 14,8%. Comparando 2018 a 2019, ocorreu aumento em todos os meses: 33,2% em janeiro; 10% em fevereiro; 84% em março; 30,2% em abril; 45,5% em maio; e 5,62% em junho. Comparando 2019 a 2020, observou-se aumento de 14,9% no mês de fevereiro. Nos outros meses, observou-se redução (2,4% em janeiro e a partir de março, nos meses subsequentes, 46,2, 63,8, 82,9 e 92,4%, respectivamente. Vale ressaltar que no mês de março se iniciou o isolamento social. Correlacionando com a média aritmética, identificou-se que a menor média foi no ano de 2020, corroborando mais uma vez com a hipótese de subnotificação durante o período de isolamento social. Conclusão: O estudo mostrou redução significativa das violências doméstica, sexual e outras violências em Salvador, no período da pandemia, já que há um grande número de subnotificações em razão das medidas restritivas. Portanto, orienta a formulação de novas pesquisas na área, de modo a destacar as possíveis correlações com medidas preventivas e para pesquisa de campo que determine a real incidência de violência.

Referência(s)
Altmetric
PlumX