Leiomioma cotiledonoide do útero: um relato de caso
2020; Linguagem: Português
10.5327/jbg-0368-1416-2020130224
ISSN0368-1416
AutoresAmanda Cristina Barreiros de Souza Lima, Evelyn de Souza Palmeira,
Tópico(s)Uterine Myomas and Treatments
ResumoObjetivo: Relatar um caso de leiomioma cotiledonoide, que é um tumor de fibras musculares lisas do útero e tem esse nome pela sua semelhança com a placenta. É um tumor raro, que pode facilmente ser confundido com patologia maligna, pela sua aparência. Métodos: Revisão de prontuário, revisão de laudo histopatológico, registro fotográfico da peça cirúrgica e revisão da literatura. Resultados: G.N.X., 36 anos, com história de aumento progressivo do volume abdominal, há alguns meses, sem queixa de dor pélvica, alteração do ciclo menstrual ou perda ponderal, foi encaminhada para o Ambulatório de Ginecologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para investigação do caso. Não apresentava patologias prévias. Sua paridade era gesta III para III (três partos vaginais). Seus ciclos menstruais eram regulares e tinha vida sexual ativa, sem uso de método contraceptivo. Ao exame do abdômen, era palpada tumoração heterogênea e de consistência firme, ocupando hipogástrio, mesogástrio, fossa ilíaca direita e flanco direito. O exame da vulva e o especular eram normais. Ao toque bimanual, o colo era irregular e havia presença de tumoração pélvica, de consistência endurecida, pouco móvel e indolor, ocupando todo o hipogástrio, parte do mesogástrio e estendendo-se para fossa ilíaca direita e parte do flanco direito. Já havia realizado duas ultrassonografias. A primeira delas visualizou imagem sugestiva de Mola Hidatiforme, enquanto a segunda sugeriu tumoração de provável origem anexial. Foi então solicitada ressonância magnética de pelve, com visualização de formação nodular ovalada, medindo 19,0×15,7×10,6 cm, indicativo de leiomioma subseroso pediculado, com degeneração cística/mixoide. Dosagem de marcadores tumorais: CA 19,9‒4,3 U/mL; CA 125‒567 U/mL; antígeno carcinoembrionário (CEA) 1,05 ng/mL. Indicada abordagem cirúrgica. Realizada laparotomia exploradora, com observação de tumor de aproximadamente 15 cm, com base séssil em região cornual esquerda do útero, friável, de aspecto irregular e com aparência de placenta, com parte aderida em alça intestinal. Realizadas ressecção do tumor, histerectomia total, salpingectomia bilateral e anexectomia à esquerda, pois esse ovário estava aderido à alça intestinal. O exame histopatológico da peça cirúrgica revelou leiomioma cotiledonoide dissecante. Conclusão: O leiomioma cotiledonoide é uma rara variante do leiomioma uterino, que pode ser confundido com outras patologias, tais como tumor ovariano e sarcoma uterino. Por isso, é importante que o ginecologista e o patologista saibam da existência dessa variante para assim evitar um tratamento excessivo.
Referência(s)