Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Tupi Guarani

2017; Volume: 9; Issue: 2 Linguagem: Português

10.52426/rau.v9i2.203

ISSN

2175-4705

Autores

Camila Mainardi,

Tópico(s)

Indigenous Health and Education

Resumo

Em minhas anotações, a recorrência da palavra conflito e suas variações em expressões como “é muita desunião” e “não têm mais paz” são o ponto de partida deste ensaio, realiza-do entre as famílias tupi guarani da TI Piaçaguera, litoral sul de São Paulo. A cada retorno a campo contavam-me que “aconteceram muitas mudanças”, elencando, por vezes, para onde tinham ido cada parente. Tal comentário mostra meu interesse em encontrar determinadas pessoas, mas também aponta para o movimento, o incessante descompor e compor coletivos. Vale mencionar que os conflitos – que sintetizam a ideia de ruptura, e consequente reorganização das relações –, longe de serem considerados de modo negativo, como um mal degenerador da “sociedade”, são tidos como produtores desta. Tendo isto em vista, interes-sa-me discutir os usos dos etnônimos. Os Tupi Guarani não aceitaram um nome imposto de fora, por pesquisadores ou outros coletivos indígenas, mas trataram de ensinar aos não indígenas que são Tupi Guarani. Além disso, seguindo as reflexões nativas, o etnônimo revela a mistura (Tupi e Guarani) que entendo como uma tradução para os não indígenas do pensamento ameríndio. Mas não só, porque a mistura, produzida nos casamentos, também é a condição de possibilidade tupi guarani como revela a tensão do “entre”.

Referência(s)