EVOLUÇÃO DO SISTEMA AGRÁRIO DO MARAJÓ: UMA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA

2013; Volume: 1; Issue: 3 Linguagem: Português

ISSN

2525-4812

Autores

Armando Lírio de Souza,

Tópico(s)

Agricultural and Food Sciences

Resumo

Este artigo trata da caracterizacao da evolucao do sistema agrario da regiao do Marajo no estado do Para, cuja abrangencia corresponde a 16 municipios e uma area de 104.140 km2, com aproximadamente 500 mil habitantes. Identificaram-se quatro sistemas agrarios: o Sistema Agrario Indigena (3.500 a.C. ate aproximadamente 1498 A.D.); o Colonial (1498-1823); o da Economia da Borracha (1824-1950); e o Contemporâneo (1950 ate os dias atuais). O significado do arquipelago do Marajo para o processo historico de formacao da sociedade amazonica se deve a sua posicao de destaque na foz do rio Amazonas no caminho de acesso as minas de metais preciosos do Peru. Varias expedicoes europeias, desde o seculo XIV, efetuaram contato com as manifestacoes socioculturais de grupos indigenas que ocupavam o Marajo, onde se destaca a sociedade marajoara. A fundacao da cidade de Belem, em 1616, promoveu a efetivacao da ocupacao portuguesa e implicou a conformacao de uma nova sociedade que transformaria a regiao do Marajo em um local fornecedor de alimentos para a populacao citadina. Alem dos conflitos com as sociedades indigenas, houve a introducao de atividades produtivas ligadas a criacao pastoril, agricultura de carater comercial e a exploracao intensiva das drogas do sertao. Em sintese, ao longo dos tres ultimos seculos ocorreram varias transformacoes na dinâmica economica e social da regiao do Marajo. Contudo, percebe-se que se mantem quase que intacta a dinâmica propria de organizacao da agricultura de subsistencia (sistemas agroextrativistas), alem de formas de agricultura comercial que resistem como um subsistema ao longo dos tres ultimos sistemas agrarios identificados. O impacto ambiental e os conflitos fundiarios que se estabeleceram conformaram a evolucao de um sistema agrario que manteve certo grau de unidade entre as regioes de campos naturais e as regioes de floresta, entretanto, com exploracao economica e papeis diferenciados na construcao do processo de acumulacao e de articulacao politica com a sociedade regional e nacional. Podem ser evidenciadas como fato novo, neste contexto historico e geografico da regiao do Marajo, as novas condicoes impostas pela legislacao ambiental. Em tese, isso deveria alterar a apropriacao e o uso do territorio marajoara, pelo menos de parte significativa dele, com o estabelecimento de Reserva Extrativista (Resex), Reserva de Desenvolvimento Sustentavel (RDS), Estacao Ecologica e Area de Quilombola. Isto provocou uma maior amplitude na complexidade da ocupacao do territorio marajoara na fase contemporânea; a primeira vista, possivelmente, a conformacao de uma nova dinâmica de sistema agrario.

Referência(s)