
CAMINHOS PEDAGÓGICOS NO PERÍODO HISTÓRICO ATUAL: ESTEIOS À CONSTRUÇÃO DE UMA “PRISÃO” RACIONALISTA/INSTRUMENTAL DE SERES ALIENADOS E MAQUÍNICOS, OU UMA ÁGORA DE “RAZÃO E EMOÇÃO” LIBERTADORAS E CIDADÃS?
2021; Volume: 5; Issue: 10 Linguagem: Português
10.56814/geosertoes.v5i10.1662
ISSN2525-5703
Autores Tópico(s)Urban Development and Societal Issues
ResumoComo sugere o título do presente ensaio, procura-se abordar os percursos pedagógicos do período histórico contemporâneo, buscando compreender seu papel de destaque na estruturação de uma sociedade brasileira e global baseada em padrões civilizados (civitas) de cidadania e pertencimento territorial. Com base na geografia, na filosofia e em várias áreas correlatas, visualizamos que o ser humano nasceu predestinado a viver em liberdade, sem atavios, prenhe de razão e emoção. No entanto, no alvorecer do renascimento, iluminismo e ascensão do estado moderno, isto é, do capital mercantil e depois industrial, como adverte Ortega y Gasset, os iluminados filósofos, juristas e demagogos, na esteira da disciplina, exigem que o mundo do dinheiro e da razão delineasse e erigisse regras, comportamentos morais e éticos, moldados em leis, solidificando um “novo ser humano”, não mais regido por emoções instintivas, racionais e sobretudo livres. Para tanto, o novo status quo sedimentou a nova base disciplinar pedagógica, matematicamente fria e calculada, alienante e alienada, destinada a pensadores e fazedores maquínicos e burocráticos, bem como a trabalhadores dotados apenas de sua força de trabalho como mercadoria vil. Assim, seguindo esse quadro histórico, este ensaio busca explicitar as novas e velhas nuances a respeito da influência do papel educacional na chamada sociedade em rede globalista, cada vez mais manipulada pela tecnociência informacional; dentro de uma sociedade, onde o info-capital se retroalimenta por meio de um trabalho científico crescente e de uma pedagogia orientada pela racionalidade instrumental. Essa contínua revolução tecnológica relega ou aprisiona o ser humano como mera peça dentro da megamática entrelaçada entre Estado e mercado, agora com um condicionamento global baseado em um motor único, moeda única, padrão de consumo padronizado e mimético, assim como supostos valores morais e ideológicos de competição e competitividade, apontados por Santos (2007). Esse conjunto de circunstâncias dá forma ao que Fukuiama (1992) chamou de fim da história. No entanto, diante da fragmentação e da precariedade atual do trabalho e do mundo, Bauman (2005) afirma que a história ainda sequer começou. Nesse contexto, C. Castoriadis (1987-1992) nos alerta que para uma sobrevivência humana civilizada é preciso criar / resgatar uma paideia em que a economia não seja mais o fulcro, a base de todos os valores da sociedade, mas antes, um simples apêndice, promovendo o resgate de uma sociedade baseada na verdadeira política. Nesse sentido, Morin (2011) defende que neste novo momento histórico e, em última instância, no processo de ensino / aprendizagem, o cálculo não deverá ir ao encontro do coração e da carne viva. No entanto, é pertinente saber navegar neste contexto e, mais ainda, no conjunto de circunstâncias a que se refere. Portanto, o ensino de conhecimentos relevantes deve ser, em primeiro lugar, uma iniciação no âmbito da contextualização, no nosso caso, da precariedade ambiental e social, ou melhor, como diz Santos (1996) “o mundo tal como se apresenta verdadeiramente”
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