Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Utopia sabática: Adorno e o capitalismo como religião

2021; Volume: 1; Issue: 24 Linguagem: Português

10.34019/2448-2137.2021.34867

ISSN

2448-2137

Autores

Jéverton Soares dos Santos,

Tópico(s)

Critical Theory and Philosophy

Resumo

Este texto faz parte dos esforços do autor de empreender uma hermenêutica messiânica do pensamento de Theodor Adorno. Assim sendo, o objeto deste artigo é o mote do capitalismo como religião que aparece de uma forma marginal no interior da tradição do marxismo ocidental e que foi, recentemente, rearticulado pela pesquisa seminal de Michael Löwy. Para isso, este artigo procurou resgatar alguns motivos messiânicos de História e Consciência de Classe (Introdução). Feito isso, almejou-se mostrar como Adorno procurou cobrir as lacunas filosóficas da obra de Lukács a partir da noção de reconciliação (Seção 1). A seguir, mostrou-se como a Minima Moralia faz uma crítica intra e extratextual à hipóstase do trabalho como redenção, oriunda de uma tradição teológica que remonta à divinização do sofrimento cujo paradigma é a Magna Moralia, obra patrística sobre a personagem bíblica de Jó (Seção 2). Assim, constatou-se que várias observações adornianas sobre o caráter infernal do capitalismo coincidem com as atuais – e não menos perturbadoras – reflexões do filósofo germano-coreano Byung-Chul Han e sua caracterização da sociedade neoliberal como uma sociedade do cansaço não-redentor (Seção 3). Sendo assim, demonstrar-se-á como o ensejo utópico de uma sociedade-sem-trabalho, resgatado de forma brilhante por Han, corresponde com as aspirações da filosofia da redenção de Adorno (Seção 4). Por último, a partir do paradigma judaico do “Shabat”, analisar-se-á a defesa de Han e Adorno de uma utopia sabática como protótipo do fim do capitalismo como religião (Seção 5). Palavras-chave: capitalismo como religião; reconciliação; trabalho; utopia sabática;

Referência(s)