Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Igreja Católica e Movimento Negro: a Missa dos Quilombos do Recife (1981)

2021; Volume: 12; Issue: 23 Linguagem: Português

10.28998/rchv12n23.2021.0012

ISSN

2177-9961

Autores

André Eduardo Bezerra de Carvalho, Élio Chaves Flores,

Tópico(s)

Youth, Politics, and Society

Resumo

O artigo procura contar a história da Missa dos Quilombos, na cidade do Recife, no dia 22 de novembro de 1981. Considera-se que a Igreja Progressista, cujos bispos e padres eram sensíveis à Teologia da Libertação, tentaram se aproximar dos anseios e lutas dos movimentos negros, organizados e ativos desde o início da década de 1970. A participação de um bispo negro, Dom José Maria Pires, a produção musical de Milton Nascimento e o protagonismo de setores do Movimento Negro do Recife conferem à celebração um teor de “interculturalidade”. A Missa dos Quilombos de 1981 teve caráter eucarístico, mas uma vez proibida pelo Vaticano, pela ação da direita católica pernambucana, não conseguiu se constituir como “missa negra”. Uma versão dessa perspectiva teria sido alcançada na apresentação dos Arcos da Lapa, em 1988, no Rio de Janeiro, organizada pelo MNU-RJ. No início do século XXI, a partir de 2002, consolidou-se como dramaturgia crítica às novas escravidões do mundo do trabalho. O artigo se fixa na “primeira Missa dos Quilombos” (1981) utilizando-se de fontes da imprensa, documentos da Missa (Homilia, músicas, disco e encarte de 1982), entrevistas de ativistas negros do Recife e depoimentos de Dom Pedro Casaldáliga, Pedro Tierra, Milton Nascimento e, especialmente, de Dom José Maria Pires, celebrante da Missa dos Quilombos. Dois documentários permitiram citar e analisar esses testemunhos: A Missa dos Quilombos (TV Senado, 2006) e A História da Primeira Missa dos Quilombos (UNICAP, 2009). Problematiza-se a questão de que a Missa dos Quilombos se tornou um cenário de disputa entre setores progressistas e conservadores da Igreja Católica e mesmo entre setores dos movimentos negros. Um fator pernambucano parece que foi decisivo para isso, a base hegemônica da ideologia da mestiçagem, dita e repetida, à exaustão, por intelectuais recifenses.

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