Artigo Acesso aberto

A entrevista para entretenimento e a entrevista científica: elementos para uma comparação

2021; Linguagem: Português

10.5151/4spdesign-4spdesign_12

ISSN

2318-6968

Autores

Diego Manzini Maldonado, Priscila Lena Farias,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

Desde 2014 realizo entrevistas com pessoas da área do design, primeiro no formato para Youtube, para o canal Diacrítico, e em seguida como podcasts para o programa Entreletras. Até 2020, aprendi a entrevistar, entrevistando. Quando ingressei no Mestrado em Design da FAU USP, com projeto a respeito da reforma gráfica realizada pelo jornal Folha de S. Paulo na década de 1990, descobri que o que eu fazia tinha nome: história oral e entrevistas semi-estruturadas. Referências recomendadas pela disciplina DSG 5006 Memória Gráfica e Cultura Material me colocaram em contato com a obra de Verena Alberti (2013), que se tornou central para minha pesquisa. Ressalto então as diferenças entre entrevistar para entretenimento e para fins científicos. A primeira modalidade admite uma relação próxima com o entrevistado, similar à de amizade. Para um podcast, que pode ser editado, eliminando eventuais erros e repetições, isso funciona. A segunda exige rigor científico para abordar fontes (entrevistados), sem deixar de demonstrar empatia. Entrevistas deste tipo não podem ser editadas, para que o ponto de vista do editor não prevaleça. Busco me colocar como um “igual”, e não como “entrevistador formal”. Antes da entrevista, explico o período sobre o qual pretendo obter informações. Mesmo adotando o modelo semi-estruturado, demonstro estar aberto para que tragam informações às quais não tenho acesso. Tudo tem funcionado bem, fazendo com que fontes narrem histórias de forma fluida e íntima. Entrevistar múltiplas fontes que trabalharam juntas ajudou a mapear e sanar lacunas em narrativas individuais. Em uma entrevista para entretenimento, por outro lado, um único ponto de vista pode ser suficiente, pois o foco pode ser um personagem e não a análise científica de um acontecimento.

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