Artigo Acesso aberto

Cidades inteligentes, smart cities: uma revisão bibliográfica sistemática

2021; Linguagem: Português

10.5151/4spdesign-4spdesign_17

ISSN

2318-6968

Autores

Andre Deak Alonso, Giselle Beiguelman,

Tópico(s)

Smart Cities and Technologies

Resumo

Cidades inteligentes têm sido alvo de indefinições conceituais propositais. Assim como outros termos, como sustentabilidade, ou globalização, smart cities servem a tantos propósitos, sobretudo no campo da venda da tecno-utopia, que tanto mercado quanto academia praticamente esforçam-se para não chegar a um consenso. O objetivo da revisão bibliográfica proposta para dar início a esta pesquisa foi realizar uma busca sistemática do termo durante artigos publicados no período entre 2008 e 2018. A busca foi realizada pelo método de raspagem de dados em bases científicas e no Google Scholar, mais amplo. Partimos também do pressuposto conceitual de que faríamos uma leitura do resultado a partir de epistemologias do Sul (BOAVENTURA, 2018), mas também especialmente de um olhar que se pretende decolonial (SANTOS, 2020). Milhares de artigos foram analisados, para chegar finalmente em 1.260 citados mais de 10 vezes em outras pesquisas, e 15 que foram citados mais de 500 vezes, entre os quais oito, apenas, foram citados mais de mil vezes. Estes 15, ou oito textos, formam a base conceitual sobre a qual as cidades inteligentes têm sido erigidas. Houve ainda uma forma complementar de revisão bibliográfica, narrativa, que trouxe outros elementos críticos e auxiliaram na leitura a contrapelo do material resultante dos filtros da raspagem de dados. Percebemos, inclusive, que o próprio método de mineração de dados assemelha-se, afinal, a métodos coloniais de extração de riquezas, não necessariamente condizentes com as melhores formas de produzir conhecimento de formas decoloniais. Os artigos analisados também falham em trazer uma visão aquém da tecno-utopia, da tecnologia como fato evolutivo das cidades, natural, e não uma opção política que pode gerar mais ou menos desigualdades a depender de decisões técnicas-políticas (MOROZOV, BRIA, 2019), porque, afinal, qualquer decisão técnica também é política (FLUSSER, 2002).

Referência(s)
Altmetric
PlumX