Notulas Propercianas (I, 1, 1-2)

1972; University of Lisbon; Volume: 5; Linguagem: Português

10.1484/j.euphr.5.127169

ISSN

2736-3082

Autores

Custódio Magueijo,

Tópico(s)

Classical Antiquity Studies

Resumo

Comentários suscitados pela leitura de Prop., i , i, 1-2 : 1. miserum me cepit- A expressão equivale a me cepit et miserum fecit. O poeta comprime (e oprime) os tempos verbais, para nos comunicar o seu «tempo psicológico». Este comentário destina-se sobretudo a enquadrar o exemplo no mencionado processo linguístico- -afectivo : cf. 1, 3, 35-36 e 1, 4, 1-2. 2. cupidinibus ou Cupidinibus? - Optamos por cupidinibus, já que (entre outros motivos} Cupidinibus (=Amoribus) jo garia bastante mal com Amor do v. 3 . 3. amor-morbus- E típico dos elegíacos, e de Propércio em particular, o conceito do amor como morbus animi. No vocábulo contactum, embora o sentido de «atingido», se. por um míssil (Camps : ‘h it’ b y a missile) es te ja presente, parece predominar largamente o de «contagiado», se. por uma doença (Camps : ‘infected' w ith a disease). Contactum é, neste passo, antónimo de intactos de ii, 12, 19. Aduzem-se vários exemplos de Propércio (e i, i possui-os em abundância) e doutros poetas, relativos ao conceito de amor como morbus animi. 4. adverbium pro adiectiuo - Quando um advérbio se associa a um substantivo, um deles assume a função adjectiva. Se essa função é desempenhada pelo substantivo (processo natural, dadas as relações entre as duas categorias gramaticais), tanto pode tratar-se duma expressão genuinamente latina (iterum consul), como de grecismo parcial (populum late regem), isto é, expressões naturalíssimas do ponto de vista do latim, mas, em casos particulares (que se devem estudar um por um), de inspiração helénica. Se, porém, é o advérbio que desempenha a função adjectiva (fenómeno a que o latim, em princípio, é avesso’), há bons motivos para considerar a expressão como helenismo sintáctico (ex. : neque ignari sumus ante malorum). No caso de Prop., i, i, 2 , é perfectamente legítima a lig ação ante contactum, sem que, no entanto, a outra (nullis ante cupidinibus) o seja menos. Ê para e s ta interpretação que nos inclinamos, baseados, antes de mais, na possibilidade real (e poética) duma tal ligação, e, além disso, na própria ordem das palavras, a qual algum valor há-de possuir.

Referência(s)
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