Mola hidatiforme invasora (neoplasia trofoblástica gestacional de baixorisco) com metástase pulmonar

2021; Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-20211311057

ISSN

0368-1416

Autores

João Cláudio Damasceno de Sá, Cristhian Herald Amaral Meireles Damasceno, L. Da Silva, Daniel Samary Silva Lobato, Bruno Otávio Crespo Fonseca,

Tópico(s)

Ectopic Pregnancy Diagnosis and Management

Resumo

Introdução: Mola hidatiforme é classificada como doença trofoblástica gestacional. O diagnóstico e o tratamento precoce impedem o avanço da doença e diminuem as repercussões clínicas. Com o avanço dos exames de imagem, permitiu-se, além do diagnóstico rápido, a definição do tratamento mais adequado. Relato de caso: Paciente feminina, branca, 12 anos, menarca aos 11 anos e sem história gestacional anterior, procurou serviço médico em razão de sangramento vaginal abundante, realizou ultrassonografia pélvica com diagnóstico de gravidez molar sem feto, submetendo-se a curetagem e repetindo esse procedimento sete dias depois. A ressonância magnética de pelve apresentou útero de dimensões aumentadas, área nodular heterogênea na parede dorsal da região fúndica uterina à direita, compatível com neoplasia trofoblástica gestacional (NTG), podendo corresponder a mola invasiva. Cavidade endometrial heterogênea com margens irregulares. Ovários tópicos de volume aumentados pela presença de múltiplos cistos (tecaluteínicos). O exame microscópico evidenciou a proliferação de trofoblastos atípicos, com quadro histológico compatível com mola hidatiforme completa. O material da segunda curetagem apresentou endométrio decidualizado, com proliferação de trofoblastos atípicos, restritos à superfície da amostra, caracterizando mola invasiva. A tomografia computadorizada (TC) de tórax demonstrou múltiplos implantes pulmonares, sendo compatível com NTG de baixo risco com metástase pulmonar. Esses dados, correlacionados a níveis séricos elevados de beta-hCG, são essenciais para o início de terapia oncológica. A paciente foi encaminhada para tratamento, iniciando quimioterapia monoterápica com três ciclos após a normalização de beta-hCG. A TC de controle, realizada após oito meses de diagnóstico, quando comparada ao exame de estadiamento, indicou o desaparecimento completo dos nódulos pulmonares. Conclusão: O tratamento mais comum da mola hidatiforme cujos valores de beta-hCG não regridem da forma esperada e dos casos de NTG de baixo risco é a quimioterapia em forma de monoterapia, que deve ser realizada ao se conjecturar o diagnóstico de mola invasora, não sendo necessário o resultado histopatológico para iniciar essa terapia. Deve-se considerar sempre a clínica apresentada, a dosagem de beta-hCG e os dados de exames de imagem. No presente relato é importante ressaltar que, ainda que houvesse implantes pulmonares indicativos de doença avançada, a classificação pelo sistema de escore da Organização Mundial da Saúde, modificada pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia - FIGO (2002) como NTG de baixo risco, permitiu uma abordagem mais conservadora, tendo em vista a faixa etária da paciente e uma ótima resposta ao tratamento quimioterápico. A possibilidade de tratamento quimioterápico com altas taxas de cura permite preservar a fertilidade, fator este de suma importância, principalmente em pacientes jovens e sem prole constituída.

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