Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Da Praça à Praia: significações culturais da Praia da Estação

2021; Linguagem: Português

10.5151/jopdesign2021-48

ISSN

2318-6968

Autores

Amanda Ardisson Bento, Isabella Pontello Bahia,

Tópico(s)

Urban and sociocultural dynamics

Resumo

"O presente artigo pretende abordar possíveis significações culturais a partir da análise do movimento efêmero e sazonal da Praia da Estação, que ocorre na Praça da Estação, na cidade de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais. O simbolismo da análise se dá, inicialmente, a partir do próprio nome dedicado ao evento. Geograficamente acometido pela falta de praia, o mineiro traz a praia para este lugar inicialmente de trânsito e passagem a partir da proposta de construir um universo dotado de apropriação, história, bons encontros e sensações. Assim, lê-se que a proposição de transitar da Praça à Praia se deu por meio da compreensão do espaço geográfico Praça da Estação e de sua transformação em lugar simbólico e performático da Praia da Estação. A construção teórica do artigo se dá a partir do entendimento de espaço público e democrático tal como estipulado pela legislação vigente, bem como, a partir dos conceitos apresentados por Harvey (2012) e Hertzberger (1999). Tem-se, ainda, a iniciativa de evidenciar a linguagem dos objetos tal como defendido por Dohmann (2013), Lobach (2001) e Santaella (2001) e, assim, possibilitar a leitura e a transposição dos conceitos socioespaciais de espaço e lugar, tal como apresentado por Souza (2013) e Cavalcante & Elali (2018). Tem-se, ainda, a narrativa histórico-cultural da Praça da Estação (Praça Rui Barbosa) e de sua transformação em Praia da Estação. A estruturação metodológica se deu a partir da revisão de literatura e pesquisa documental, etapas que fundamentaram a exposição dos conceitos e apresentação da narrativa histórica que ocasiona a Praia da Estação, bem como, a identificação e análise dos símbolos que permitem leituras a partir de Morris (1971). Para tal, foram realizadas análises de registros fotográficos existentes e de domínio público. O artigo apresenta como resultado, simbolismos e significados percebidos no evento e a partir dele para as pessoas e para a cidade de Belo Horizonte. A análise de suas manifestações culturais permite observar que é possível fazer da Praia da Estação um local de troca, de festividade, de experiência e de visibilidade, bem como se apropriar e subverter as práticas culturais dominantes e excludentes em espaço de dissolução das barreiras urbanas entre público e privado.Com a construção deste imaginário popular acerca da Praia da Estação, entende-se que não é possível findar suas reflexões e leituras, visto as inúmeras possibilidades de significação deste signo histórico-cultural. Ao longo deste estudo, buscou-se vislumbrar algumas questões essenciais para elucidar a transformação do signo de espaço para lugar a partir do estabelecimento de parada em um espaço de trânsito. Lugar este que é simbólico e geográfico visto a nova demarcação que transcorre com corpos, cantos e cores, dotados de identidade. Neste cenário desafiador de distanciamento social causado pela pandemia do novo Coronavírus, nossa relação com os espaços públicos mudou e, na iminência de um longo período até que se possa usufruir do espaço público de forma democrática, festiva e aglomerada é necessário que se pense em novas maneiras de democratizar o uso e transformar estes locais de vivência comum."

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