
PERFIL MOLECULAR DOS PACIENTES COM MIELOFIBROSE ATENDIDOS EM SERVIÇO DE REFERÊNCIA ENTRE 2010 A 2020: A ANÁLISE DO CARIÓTIPO E DO PAINEL MIELOIDE INTERFERE NO TRATAMENTO?
2021; Elsevier BV; Volume: 43; Linguagem: Português
10.1016/j.htct.2021.10.241
ISSN2531-1387
AutoresLFS Dias, NF Centurião, CLM Pereira, MN Kerbauy, LN Kerbauy, LJ Arcuri, TS Datoguia, PV Campregher, Nelson Hamerschlak, FPS Santos,
Tópico(s)Chronic Myeloid Leukemia Treatments
ResumoAlterações genéticas identificadas por painel mielóide são determinantes no desfecho dos pacientes com mielofibrose (MF) e são cada vez mais utilizados, sendo incorporados aos sistemas prognósticos formais, como MIPSS7-+ e GIPSS. MF está associada à presença de 3 mutações cardinais as quais geralmente são mutualmente excludentes: JAK2 V617F, CALR e MPL. Somente 10% dos pacientes são negativos para essas três mutações, e estes apresentam menor sobrevida e maior risco de progressão para leucemia mieloide aguda (LMA). Determinar os fatores de risco para evolução desfavorável em pacientes com MF é de suma importância para se desenvolver estratégias para prevenir desfechos adversos. Analisar o cariótipo e o painel mieloide realizado por next-generation sequencing (NGS) dos pacientes com MF. Estudo retrospectivo, unicêntrico, que incluiu pacientes com diagnóstico de MF que foram atendidos e realizaram cariótipo e NGS no Hospital Israelita Albert Einstein entre 2010 e 2020. Foram avaliados 104 pacientes com MF, sendo excluídos quem não realizou exames em nosso serviço, com o total de 69 pacientes incluídos. Destes 69, 56 realizaram cariótipo em nosso serviço e 22 painel mieloide por NGS. O cariótipo estava normal em 60% dos pacientes e alterado em 40% (alterações mais prevalentes: trissomia do 8,22%, deleção do 20, 22%, deleção do 5, 18%, deleção do 9, 13%, trissomia do 9, 13%, e monossomia do 7 e 17, 9% cada). Foi realizada separadamente a pesquisa das mutações cardinais JAK2, CALR e MPL em 45 pacientes, sendo encontrada a prevalência de 82% de JAK2, 13% de CALR e 4% de MPL. Entre os 22 pacientes com NGS, as seguintes variantes estavam presentes: JAK2 (54%) ASXL1 (50%), TET2 (31%), CALR (22%), SRSF2 (22%), EZH2 (22%), U2AF1 (18%), SF3B1 (13%), MPL (13%), CBL (13%), IDH2 (9%). A prevalência de mutações de alto risco (ASXL1, SRSF2, EZH2, IDH1/2 e U2AF1 Q157P) foi maior nos pacientes que foram encaminhados para transplante alogênico de células tronco hematopoiéticas (TCTH): 100% vs. 50%. Uma das principais causas de morte nos pacientes com MF é a transformação leucêmica, a qual ocorre em 20% dos casos. Os principais fatores de risco para transformação para LMA são cariótipos desfavoráveis como monossomias ou inv(3)/i(17q) e mutações somáticas de alto risco, como ASXL1 (frequência na população de 22%), SRSF2 (9%), EZH2 (5 %), IDH1/2 (3%) e U2AF1 Q157 (16%). Há ensaios clínicos sugerindo que pacientes com mutação ASXL1 respondem menos ao inibidor do JAK2, enquanto que os pacientes com mutação CALR tipo 1 apresentam respostas mais duradouras. Essas mutações apresentam impacto na sobrevida e na resposta ao tratamento. Infelizmente a única modalidade de tratamento com potencial curativo é o TCTH, o qual está associado até 50% e mortes relacionadas ao transplante ou a morbidade grave. Desse modo, deve-se balancear os riscos do TCTH com a expectativa de vida do doente sem a realização do TCTH. A análise do cariótipo e do NGS os possibilita estimar o risco do paciente e com isso instituir tratamento mais agressivo como TCTH os pacientes de maior risco, sendo ferramenta relevante para guiar terapêutica. Em virtude do impacto da análise molecular para a tomada de decisões na MF, consideramos importante divulgar as prevalências das alterações citogenéticas e do NGS do nosso serviço. Palavras-chave: Mielofibrose primária; Análise citogenética molecular; Mutação; Prognóstico.
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