A relação entre aborto e as complicações gestacionais associadas às malformações uterinas maternas
2021; Linguagem: Português
10.5327/jbg-0368-1416-20211311105
ISSN0368-1416
AutoresNathan Bardini Anhê, Maria Cecília Gonçalves Martins, Marina Trevizan Guerra,
Tópico(s)Maternal and fetal healthcare
ResumoIntrodução: As malformações uterinas congênitas são anormalidades causadas por fusão embriológica defeituosa ou falhas na recanalização dos ductos mullerianos na formação da cavidade uterina normal. Tais anormalidades podem ser associadas com desfechos gestacionais desfavoráveis na vida adulta. A interrupção da gravidez antes do período entre a 20ª e a 22ª semana gestacionais ou com peso fetal inferior a 500 g caracteriza-se como abortamento. Conforme a legislação brasileira, o aborto induzido é considerado crime, exceto quando a gravidez representa risco de vida para a gestante, estupro e feto anencéfalo. Por conta da falta de respaldo legal para o aborto, muitas mulheres procuram serviços clandestinos, em geral, sem a infraestrutura necessária para a operação e sem um profissional capacitado, o que culmina em resultados desfavoráveis, como malformações uterinas iatrogênicas e até morte. Objetivo: Determinar qual o impacto das malformações uterinas maternas no que tange às complicações gestacionais e ao aborto. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura com o uso os descritores “congenital abnormalities”, “abortion” e “uterus” na base de dados PubMed. Do total de 59 artigos encontrados, referentes aos últimos cinco anos, apenas 18 adequaram-se à proposta deste trabalho (critérios de exclusão: fuga do tema e repetições em periódicos). Resultados e conclusão: Entre os artigos selecionados, as malformações que mais sobressaíram foram: útero em T, útero bicorno, útero em chifre, síndrome de Herlyn-Werner-Wunderlich, útero septado e malformações arteriovenosas (MAV). Tais patologias, muitas vezes tardiamente diagnosticadas por falta da realização de exames de imagem, levaram a abortos sem causa definida principalmente durante o segundo semestre de gravidez. Em comparação com uma mulher de útero normal, foram encontrados índices até 37% maiores de aborto espontâneo, 8,9% a mais de gravidezes ectópicas, 41,8% a mais de cesáreas e 7,3% a mais de perdas recorrentes na gestação do que em pessoas com útero anatomicamente normal. As MAV podem ser causadas por dois tipos principais de etiologias, uma iatrogênica e outra durante o desenvolvimento intrauterino desses vasos, e podem causar, na idade adulta, prejuízos ao tecido uterino e até abortamentos tardios. Em relação ao útero septado, a taxa de abortamento apresentou-se 42% maior em relação às mulheres com cavidade uterina normal. Estudos apontaram, ainda, que o diagnóstico precoce seguido de tratamento adequado culminou na redução dos desfechos desfavoráveis, como abortamento e parto prematuro. Os achados mostraram que as anormalidades congênitas, como útero unicórnio, útero em T e malformações arteriovenosas (congênitas ou adquiridas) tiveram maiores índices de abortos e complicações gestacionais, mesmo em casos de reprodução assistida.
Referência(s)