Neoplasia epitelial vulvar III: relato de caso

2021; Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-20211311058

ISSN

0368-1416

Autores

Mila Baía Moreira, Mellina Amaral Oliveira de Barros, Raphaella dos Santos Maia Crud, Tereza Maria Pereira Fontes, Roberto Luiz Carvalhosa dos Santos, Manoel Marques Torres,

Tópico(s)

Genital Health and Disease

Resumo

Introdução: A neoplasia intraepitelial vulvar (NIV) é caracterizada por alterações morfológicas nas células escamosas do epitélio vulvar, sendo classificada em três graus de acordo com sua extensão em profundidade: NIV 1, quando atinge até um terço da extensão epitelial; NIV 2, quando afeta entre um e dois terços; e NIV 3, chamado de carcinoma in situ, quando envolve mais de dois terços, acometendo todo o epitélio. Não existem sinais e sintomas característicos, logo o exame clínico da região vulvar é indispensável. A biópsia de lesões visíveis é imperativa em razão do elevado risco de progressão para o carcinoma vulvar. O tratamento abrange a excisão cirúrgica da lesão ou adestruição com laser. A incidência da NIV quase duplicou nas últimas duas décadas, passando de 1,2 a 2,1/100.000 mulheres-ano, podendo acometer qualquer idade. Relato de caso: M.R.S.S., 63 anos, foi encaminhada ao ambulatório de ginecologia pela presença de lesão vulvar há 10 anos. Em vulvoscopia, visualizou-se lesão leucoplásica em região inferior à fúrcula vaginal, próxima à transição com a mucosa. Realizou-se biópsia, cujo laudo histopatológico foi compatível com NIV III, associada a alterações citopáticas pela ação do papilomavírus humano (HPV); margens laterais livres, porém exíguas; margem profunda livre. Foi, então, feita a exérese total da lesão, com margem de segurança de 2 mm. A paciente segue em acompanhamento ambulatorial. Conclusão: A etiopatogenia da NIV pode ser viral e não viral. Quando acomete pacientes entre 35 e 55 anos, está mais frequentemente relacionada ao HPV. Em pacientes maiores de 55 anos, geralmente está associada a processo inflamatório crônico. A NIV tipo I corresponde em geral a reações inflamatórias do epitélio vulvar e ao condiloma aculminado. As NIV dos tipos II e III receberam novas classificações, sendo denominadas: do tipo usual (subdivididas em condilomatosa, basaloide e mista), geralmente associadas aos efeitos citopáticos pelo HPV; e do tipo diferenciada, associado a agressões inflamatórias crônicas. Há ainda as não classificadas. Os sintomas mais comuns são prurido, ardor vulvar e dispareunia superficial. Até 10% das pacientes são assintomáticas, porém as lesões são sempre identificáveis ao exame clínico. O aspecto macroscópico pode ser variado, mas sempre são lesões elevadas ou papulares, que podem ser hiperqueratósicas, ulceradas ou pigmentadas, localizando-se, preferencialmente, no epitélio desprovido de pelos, incluindo o clitóris e operíneo, mas que podem afetar qualquer parte da vulva. A biópsia deve ser efetuada em todas as lesões suspeitas. O tratamento da NIV II ou III deve ser individualizado e depende da idade da paciente e das características clínicas das lesões. A remoção cirúrgica é o método de escolha. Independentemente do método terapêutico, as taxas de recidiva são elevadas, sendo necessário o acompanhamento após o tratamento. As vacinas contra os tipos de HPV de alto risco prometem setornar armas poderosas na prevenção da doença.

Referência(s)
Altmetric
PlumX