
Tosse Crônica e Fonoaudiologia
2021; Brazilian Society of Speech Therapy; Volume: 34; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/2317-1782/20212021127
ISSN2317-1782
AutoresRodrigo Dornelas, Vanessa Veis Ribeiro, Mara Behlau,
Tópico(s)Stuttering Research and Treatment
ResumoO fonoaudiólogo brasileiro, prestes a comemorar 40 anos de regulamentação da profissão, debruça-se em um novo seguimento de atuação: a tosse crônica, o que já é reconhecido em outros países, como Austrália (1,2) e Estados Unidos (3) .Na Fonoaudiologia, a laringe tradicionalmente era estudada por duas áreas com atuação que envolvem sua função, a voz, enquanto função fonatória, e a disfagia, enquanto função de proteção de vias aéreas inferiores.O novo desafio para o fonoaudiólogo é contribuir na avaliação e no tratamento dos pacientes com tosse crônica refratária, uma área que envolve uma expertise específica e que, como todas as outras áreas, requer estudos e preparo por parte do profissional.Nos casos de tosse crônica refratária, percebe-se que o foco principal é a laringe, o que permite uma sobreposição entre as especialidades voz e disfagia, com interesse direto na avaliação e tratamento desses pacientes.Indivíduos com tosse crônica podem ou não ter disfonia e/ou disfagia e, desta forma, os casos podem adquirir grande complexidade e exigir um raciocínio clínico mais estruturado, usando recursos combinados de uma abordagem híbrida que conta com elementos do modelo hipotético-dedutivo e da teoria da construção dos scripts das doenças, aplicados à intervenção fonoaudiológica (4) .Na literatura, a primeira citação de tosse crônica ou conhecida na época também como tosse psicogênica foi realizada no início da década de 1980 (5) .Logo em seguida, notase um interesse nessa área, com artigos publicados sobre as estratégias de avaliação e intervenção nos casos de pacientes com tosse crônica (1,6,7) .As evidências sobre os efeitos da intervenção fonoaudiológica começam a surgir e a reabilitação de pacientes com tosse, por fonoaudiólogos começa a ser reconhecida fora de nossa profissão, indicada por equipes multiprofissionais (1) .A tosse é um mecanismo protetor resultante de um reflexo complexo, iniciado pela ativação de receptores irritantes na via aérea (8) .Trata-se de uma manobra expulsiva forçada, geralmente contra uma glote fechada (9) .Quando sua duração é de até três semanas ela é considerada aguda e benéfica para o sistema respiratório por meio da remoção de substâncias nocivas e do aumento da depuração mucocilar, porém, a tosse crônica não tem benefício para o sistema respiratório ou para o corpo em geral (8) .Ao persistir por um período superior a oito semanas, a tosse passa a ser crônica.Uma exceção à regra ocorre nos casos de infecções do trato respiratório superior, em que a tosse por até oito semanas é considerada aceitável (10) .
Referência(s)