Acretismo placentário com invasão extensa de estruturas adjacentes: um relato de caso

2021; Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-20211311107

ISSN

0368-1416

Autores

Berta Vaz Andrade de Faria Pereira, Júlia Raquel Silva do Ó, Deon Vinicius Moreira Pimentel, Daniela Textor, Fabiana Chaveiro Gomes, Marina Araújo e Rocha,

Tópico(s)

Breastfeeding Practices and Influences

Resumo

Introdução: O acretismo placentário (AP) é definido pela inserção anormal da placenta, à qual o vilo placentário adere profundamente, atingindo o miométrio e até órgãos adjacentes. Uma complicação importante é a hemorragia maciça pós-parto, mas ele pode cursar com ruptura uterina anteparto, falência de múltiplos órgãos e histerectomia total (HT) de emergência, evoluindo com até 10% de mortalidade materna. Relato de caso: I.M.B.S., 34 anos, G4P2CA1, foi encaminhada ao Hospital Materno Infantil em Goiânia (HMI) com hipótese diagnóstica de placenta prévia (PP) e AP, em uso de sintomáticos e hidratação venosa (HV) de manutenção. Gestação de feto único, idade gestacional de 36 semanas e 6 dias, com queixa de hematúria há dois dias confirmada no exame de sedimentos anormais da urina. Na ultrassonmografia (USG) de vias urinárias com doppler, foi identificada placenta anterior, com aumento de fluxo próximo à bexiga. Ao exame físico, estava em bom estado geral, hipocorada 1+/4, hidratada, com batimentos fetais cardíacos de 146 bpm, dinâmica uterina ausente, tônus uterino normal e movimento fetal presente. No hemograma, apresentou hemoglobina (Hb) de 9,5 g/dL e, na USG transvaginal com doppler, perda do plano de clivagem entre placenta e parede uterina, hipervascularização em colo uterino e doppler de artéria umbilical em parede vesical. Agendaram-se cesariana e realização de hemoconcentrado (CH) para o dia seguinte. No parto, extraiu-se de recém-nascido vivo com Apgar 9/10 e identificou-se placenta com sinais de invasão extensa de parede posterior da bexiga, parede abdominal, colo, porção superior de vagina e peritônio. Com auxílio do cirurgião geral, realizou-se dissecção cautelosa, livramento das paredes, HT com placenta in situ e fechamento da bexiga em dois planos. A paciente evoluiu com sangramento importante e instabilidade hemodinâmica corrigida com drogas vasoativas e politransfusão de hemoderivados. Foi encaminhada para a unidade de terapia intensiva (UTI) com Hb 4,3, hematócrito 12,4% e plaquetas 71.000, apresentando melhora após nova transfusão de hemoderivados, cristaloides e vitamina K. No 3º dia pós-operatório (PO), evoluiu com leve edema de subcutâneo nas adjacências da ferida operatória associado a coleções flegmosas em superfícies percicatriciais e iniciou ceftriaxone por 10 dias. Recebeu alta da UTI no 5º dia PO, com prescrição de ácido fólico, complexo B e enoxaparina em dose profilática. No 10º dia PO, a paciente, assintomática, recebeu alta médica com sonda vesical de demora (SVD), profilaxia com amoxicilina-clavulanato por sete dias e enoxaparina 40 mg subcutânea por 10 dias. Retornou ao ambulatório no 17º dia PO, com retirada de pontos de sutura e SVD e micção espontânea após uma hora. Conclusão: Curetagens uterinas, miomectomias, PP e cesarianas anteriores são fatores de risco para AP, e I.M.B.S. apresentava PP e duas cesárias anteriores. É de extrema importância que o diagnóstico seja feito no pré-natal para a programação cirúrgica adequada e a diminuição da mortalidade por complicações, sendo a USG com doppler o principal método diagnóstico e a HT abdominal o principal tratamento.

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