Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

REDUÇÃO DA PREVALÊNCIA DE HIV ENTRE DOADORES DE SANGUE NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

2021; Elsevier BV; Volume: 43; Linguagem: Português

10.1016/j.htct.2021.10.712

ISSN

2531-1387

Autores

RE Boehm, CR Cohen, F Bonacina, M.B. Silva, Constanza M. López Fontana, Leo Sekine,

Tópico(s)

Science and Education Research

Resumo

O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é uma infecção transmissível pelo sangue cuja triagem laboratorial de alta sensibilidade é obrigatória para doação de sangue, a fim de reduzir o risco transfusional. Porto Alegre, historicamente, é a capital brasileira com a maior frequência de HIV na população geral. Este estudo teve por objetivos verificar o perfil sócio-epidemiológico e possível alteração na taxa de prevalência de HIV entre doadores de sangue no Serviço de Hemoterapia do Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA) nos últimos anos. Um estudo transversal retrospectivo foi conduzido através de levantamento de dados no Sistema Realblood e nos registros sorológicos das doações realizadas de janeiro de 2015 a maio de 2021. Foram incluídos todos os casos de HIV positivos e confirmados com NAT (Teste de Ácido Nucleico) ou Imunoblot. Os dados foram compilados e analisados no sistema SPSS v. 18. Durante o período analisado, foram realizadas 83.062 doações de sangue, sendo identificados 39 casos de HIV confirmado, o que resulta em uma prevalência de 46,95/100.000 bolsas ou 1/2.129 doações. Indivíduos portadores de HIV nessa amostra eram na maioria do sexo masculino (56,4%), solteiros (69,2%), brancos (61,5%), com baixa escolaridade (53,9%), residentes em Porto Alegre e Região Metropolitana (82,1%), com idade média no diagnóstico de 32,9 (DP ±8,8) anos. O principal tipo de doação envolvida foi de reposição (61,5%), sendo que 79,5% recoletaram amostra. Cerca de 15,4% dos casos possuía algum tipo de co-infeção e 18% se tratava de soroconversão, isto é, doadores que anteriormente apresentavam resultados negativos para HIV. Não houve diferença estatística entre os sexos considerando os fatores idade de diagnóstico, estado civil e tipo de doação. Houve uma queda de 55,4% na prevalência de HIV entre os doadores a partir de 2017 (73,2 versus 32,6/100.000; p = 0,021). O perfil sócio-epidemiológico do doador de sangue com HIV positivo se assemelha aos dados de HIV na população geral brasileira quanto ao sexo, idade de diagnóstico e escolaridade, diferindo quanto à etnia. Este dado acompanha às características étnicas da população gaúcha. Apesar da elevada frequência de HIV em Porto Alegre, a taxa de prevalência entre doadores de sangue no HCPA nos últimos três anos foi em média 44,2% inferior à população. A redução da prevalência de HIV entre doadores de sangue, pode ser explicada devido ao perfil de doadores ser formado em sua maioria por indivíduos saudáveis e aos processos de captação e triagem clínica em constante melhoria, que possivelmente influenciam na mitigação deste risco transfusional.

Referência(s)