Inversão uterina não puerperal de causa desconhecida em paciente de 13 anos: relato de caso

2021; Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-20211311044

ISSN

0368-1416

Autores

Laura Aguiar, Jacob Henrique da Silva Klippel, Lavínya Araujo Callegari, Julienne Dadalto dos Santos, Neide Aparecida Tosato Boldrini, Carolina Loyola Prest Ferrugini,

Tópico(s)

Maternal and fetal healthcare

Resumo

Introdução: A inversão uterina (IU) é considerada uma emergência médica rara e caracteriza-se como a dobra do fundo do órgão para a cavidade uterina por meio do colo do útero, sendo uma complicação pós-parto séria que pode levar à hemorragia maciça. Entretanto, um sexto dos casos dessa alteração anatômica (17%) são espontâneos e não puerperais, assim chamados de IU crônicas ou ginecológicas, podendo ser idiopáticos ou relacionados a tumores uterinos benignos. Apresentamos um caso de IU crônica espontânea prolapsada (além da abertura vaginal) em uma paciente de 13 anos. Relato de caso: Paciente feminina, 13 anos, admitida em razão de sangramento uterino anormal e massa exteriorizada em canal vaginal medindo cerca de 20 cm de diâmetro. Havia oito meses apresentava sangramento moderado contínuo com dificuldade progressiva para urinar e percepção de material na vagina. No dia da admissão apresentou cólica intensa e saída de grande massa via vaginal ao urinar, apresentando-se ao serviço com intensa cólica abdominal e bexigoma por causa da retenção urinária. A massa apresentava-se friável, de aspecto irregular e necrótico, com presença de sangramento intenso, e foi necessária a transfusão de seis unidades de concentrado de hemácias e uma unidade de plasma fresco, seguida por embolização da artéria uterina esquerda responsável pela nutrição do tumor. A paciente evoluiu com necrose uterina e foi realizada histerectomia total. Ela nega sexarca. O resultado da biópsia descartou evidências de malignidade e reforçou a hipótese de IU. Conclusão: O relato apresenta uma IU com exteriorização do útero além da abertura vaginal. No geral, esses casos são encontrados em períodos de pós-parto, entretanto, como podemos observar, o caso clínico acima mostra uma inversão em paciente jovem não puerperal, que acontece de forma rara. A maior parte dos casos publicados relacionam a inversão não puerperal com leiomioma submucoso, rabdomiossarcoma, tumor mulleriano misto maligno uterino e pólipo endometrial, pois a formação de miomas leva à distensão e gera reação inflamatória com o propósito de expulsão do tumor, o que desencadeia a contração e a expulsão uterina, todavia as análises realizadas tornam esses achados não sugestivos. Uma vez descartados abortos prévios pelo fato de a paciente negar sexarca e pela não malignidade da massa, a sugestão etiológica mais condizente é a de distúrbio de colágeno, contudo maiores investigações são necessárias para a elucidação das causas. O diagnóstico de IU não puerperal é resultante de clínica típica, destacando-se sangramento uterino, cólicas abdominais, dificuldade de urinar resultante de compressão ureteral e bexigoma decorrente da compressão da bexiga pelo útero. A conduta médica em casos de malignidade descartada é de miomectomia vaginal, entretanto o resultado necrótico uterino nesta paciente foi justificativa para a histerectomia total.

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