Artigo Acesso aberto Produção Nacional

OS USOS DA PREPOSIÇÃO “A” EM TEXTOS JORNALÍSTICOS DOS SÉCULOS XIX, XX E XXI: CONSIDERAÇÕES SÓCIO-HISTÓRICAS E FUNCIONALISTAS

2018; Volume: 6; Issue: 1 Linguagem: Português

10.54221/rdtdppglinuesb.2018.v6i1.142

ISSN

1808-7760

Autores

Julinara Silva Vieira,

Tópico(s)

Spanish Linguistics and Language Studies

Resumo

Nas últimas décadas, a Linguística Histórica tem se voltado, agora com ajuda do Funcionalismo, a discutir não só as mudanças que ocorrem nas estruturas linguísticas, mas também como tais estruturas passam, dentro de um dado sistema, a assumir sentidos e até mesmo funções. Em nosso estudo, fazemos reflexões acerca da preposição a na Língua Portuguesa, demonstrando que ela se originou da preposição latina ad; no Latim, essa preposição era usada para “reger” o caso acusativo, com a finalidade de expressar os conceitos de direção, movimento, proximidade e fim. Nesse sentido, coube-nos investigar que valores a preposição a passou a assumir na Língua Portuguesa, partindo das gramáticas históricas e prescritivas às gramáticas de uso, o que se torna, em verdade, a nossa reflexão sobre os usos da preposição a. Partindo, então, dos pressupostos elencados sobre essa preposição, o objetivo principal com este trabalho é o de identificar os novos sentidos e funções que a preposição a assumiu ao longo de três séculos da Língua Portuguesa, bem com a frequência da ocorrência de tais funções e sentidos; para isso, aventamos a hipótese de que a preposição a foi, ao longo do tempo, assumindo novos usos e valores, passando do seu sentido base/prototípico (mais usual) para acepções mais abstratas. Como aporte teórico[1]metodológico, buscamos dialogar com dicionaristas como Silva Pinto (1832) e Torrinha (1874); as concepções de Said Ali (1971) e Pereira (1964[1916]) em gramáticas históricas, além do ponto de vista de gramáticos normativos como Cegalla (1978), Rocha Lima (1992[1975]), Cunha e Cintra (2001) e Bechara (2009) e, por fim, as discussões no âmbito da Linguística contemporânea segundo Poggio (2003), Ilari (2008), Neves (2011). Trata-se de uma pesquisa documental, cuja análise é quantitativa e também qualitativa, amparada teoricamente pela Sócio-história e o Funcionalismo, partindo de uma perspectiva pancrônica, com dados coletados em textos jornalísticos, a saber, no Jornal A Penna, datado do século XIX e XX e no Jornal Tribuna do Sertão, do século XXI. Os resultados apontam que a preposição a vem passando por um produtivo processo de gramaticalização através do ganho de novos sentidos, transpondo da acepção de Espaço para Tempo, e desse para sentidos mais abstratos, em alto grau de abstratização.

Referência(s)