Vídeo-histeroscopia no diagnóstico da gestação molar: mola hidatiforme completa com gonadotrofina coriônica humana normal

2021; Linguagem: Português

10.5327/jbg-0368-1416-20211311217

ISSN

0368-1416

Autores

Lilian Padrón, Gabriela Paiva, Marcio Barcellos, Joffre Amim, Jorge Fonte de Rezende Filho, Antônio Braga,

Tópico(s)

Prenatal Screening and Diagnostics

Resumo

Introdução: A mola hidatiforme (MH) é a forma clínica mais comum da doença trofoblástica gestacional e apresenta duas formas clínico-histopatológicas distintas: mola hidatiforme parcial (MHP) ou mola hidatiforme completa (MHC). A MHC caracteriza-se por hidropsia difusa e hiperplasia trofoblástica da superfície da vilosidade coriônica. Na maioria das vezes ocorre fertilização do oócito desprovido de material genético por um espermatozoide haploide (23X ou 23Y) que duplica seus cromossomos, resultando em diploidia androgenética. O diagnóstico da MHC é comumente feito pela ultrassonografia transvaginal e dosagem sérica de gonadotrofina coriônica humana (hCG). Relato de caso: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética — CAAE: 35790620.4.0000.5275). Paciente de 50 anos, IIG IP, com sangramento uterino anormal, realizou ultrassonografia transvaginal que mostrou cavidade uterina com conteúdo heterogêneo em seu interior. Dosagem sérica de hCG normal. Indicou-se histeroscopia diagnóstica, que visualizou cavidade uterina aumentada de tamanho, com coágulos em seu interior, e endométrio de aspecto decidualizado. Em parede lateral direita, presença de formação ovalada de coloração arroxeada com cerca de 2 cm. Ausência de material trofoblástico livre em cavidade uterina. À medida que o histeroscópio avançou pela fina parede dessa estrutura ovalada, foi observado abundante conteúdo, formado de múltiplas vesículas hidatiformes, alongadas e translúcidas e ausência de estruturas embrionárias, sugerindo MHC. Com base nos achados histeroscópicos, a paciente foi submetida a aspiração a vácuo para remoção do tecido molar. Após o esvaziamento uterino, nova avaliação histeroscópica foi realizada para garantir a completa remoção do tecido trofoblástico e evitar o risco de 15% de retenção desse tecido, causando mais sangramento e a necessidade de aspiração uterina adicional durante o acompanhamento pós-molar. Diante da suspeita clínica de MHC, realizou-se nova dosagem de hCG, com diluição da amostra sérica, com resultado de 2.240.000 UI/L — o resultado anterior normal deveu-se ao efeito Hook. O diagnóstico histopatológico/imuno-histoquímico confirmou MHC e a paciente foi encaminhada para seguimento pós-molar. Conclusão: A MH pode ser um achado incidental durante a histeroscopia para sangramento uterino anormal, principalmente nos extremos da vida reprodutiva. O conhecimento de sua morfologia durante a histeroscopia auxilia no diagnóstico e correto tratamento dessa situação clínica incomum. Neste caso, foi possível avaliar a MHC, ainda intacta, em útero não previamente manipulado. A histeroscopia, como ferramenta diagnóstica auxiliar, pode trazer benefício significativo em cenários clínicos desafiadores e diagnósticos como a MH, que devem ser prontamente reconhecidos pelo histeroscopista.

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