Leptospirose na gestação: um relato de caso
2021; Linguagem: Português
10.5327/jbg-0368-1416-20211311173
ISSN0368-1416
AutoresPaullini Silva Moreira, Cláudia Lourdes Soares Laranjeira, Suelen Peixoto Marinho de Deus, Gabriela Costa Oliveira, Larissa Luana de Freitas Moraes,
Tópico(s)Tailings Management and Properties
ResumoObjetivo: Revisar o tratamento de gestante com quadro clínico grave e o tratamento da leptospirose na gestação. Relato de caso: Paciente sexo feminino, 30 anos, G1P0A0, idade gestacional 29 semanas e 1 dia, procedente de Catas Altas/ MG. Foi admitida em 10 de outubro de 2019 com quadro de edema importante em membros inferiores, dor articular em ambos os joelhos, pododáctilos e tornozelos, limitando a deambulação. Apresentava também púrpuras em pés, tornozelos e terço inferior de ambas as pernas. Todos os sintomas de surgimento agudo. Ao exame físico da admissão, apresentava-se taquicárdica (frequência cardíaca 106 bpm), normotensa, afebril, hipocorada 2+/4+, com edema em membros inferiores, batimentos cardíacos fetais (BCF) de 144 bpm e insuficiência respiratória aguda. Foi encaminhada ao centro de terapia intensiva (CTI), onde se realizou intubação orotraqueal. Os exames da admissão mostraram alterações nas enzimas hepáticas e canaliculares (fosfatase alcalina — FA 173,04, transaminase pirúvica — TGP 56,3, transaminase oxalacética — TGO 61,7, gama glutamil transferase — GGT 316,65), hiperbilirrubinemia leve às custas de bilirrubina direta (bilirrubina total 1,32, bilirrubina direta 1,03), alargamento do índice internacional normalizado (INR 1,23), anemia normocítica e normocrômica (hemoglobina — Hb 9,2), plaquetas normais, ausência de leucocitose, proteína C reativa 200,5, lactato 1,45, creatinina 0,49 e urinálise normal. Havia epidemiologia positiva para febres hemorrágicas e optou-se pelo tratamento empírico com cloranfenicol. A paciente evoluiu com necessidade de sedação em doses elevadas. Foi mantido o acompanhamento diário do bem-estar fetal (BCF e ultrassom). Em 22 de outubro, foi realizada extubação em razão da melhora dos parâmetros ventilatórios, e a paciente evoluiu com delirium. Realizou-se ultrassom obstétrico, que evidenciou hidropisia fetal e suspeita de síndrome do bebê cinzento. Em 23 do mesmo mês, apresentou piora do quadro clínico e necessidade de intubação, além de taquicardia fetal persistente associada a picos febris. Foi aventada a hipótese de corioamnionite e indicou-se cesariana por estado fetal não tranquilizador. O ciclo de corticoterapia completou-se em 17 de novembro. Iniciou-se sulfato de magnésio para neuroproteção fetal. Foi realizada cesariana segmentar, sob anestesia geral. O recém-nascido nasceu em apneia, cianótico e hipotônico, Apgar 2/6/7, peso 1486 g. Evidenciou-se líquido meconial espesso, sem sinais de corioamnionite. A paciente apresentou sangramento aumentado, resolvido com ocitocina intramuscular e endovenosa e transamin. O restante do transoperatório ocorreu sem intercorrências. A paciente foi encaminhada ao CTI estável hemodinamicamente, ainda intubada, sem uso de aminas. Resultados: A paciente apresentou boa evolução pós-operatória em leito de CTI e normalização dos exames laboratoriais. Foi extubada em 24 de outubro e encaminhada ao alojamento conjunto em 26 de oubutro. Coletou-se nova revisão laboratorial, na qual foi identificado IgM positivo para leptospirose (sorologia repetida e confirmada). Recebeu alta em 31 do mesmo mês, com orientação de manter antibioticoterapia por sete dias e retorno agendado. Conclusão: A ocorrência de leptospirose na gestação é rara e seu diagnóstico precoce é de fundamental importância para a redução de morbimortalidade materno-fetal.
Referência(s)