Artigo Acesso aberto Produção Nacional

A política das Letras na obra de Luís de Camões / The Politics of Letters in Luís de Camões’ work

2021; Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação (ASPHE); Volume: 17; Issue: 2 Linguagem: Português

10.22456/1981-4526.110464

ISSN

1981-4526

Autores

Matheus de Brito,

Tópico(s)

Colonialism, slavery, and trade

Resumo

Os Lusíadas é trivialmente encarado como um épico nacionalista, narrativa “colonialista” que justifica a dominação da África e da Ásia em nome da Fé e do Império. Mas essa recepção tem também suas inflexões históricas. Camões já foi acusado de paganismo, lascívia, vitupério à memória régia, impiedade, má escrita, etc., e até surpreende que já se disse que seu poema “desacredita a Nação Portuguesa”. Lendo atentamente, a montagem d’Os Lusíadas não ignora, por exemplo, a ignomínia do ataque dos marinheiros aos negros da Baía de Santa Helena, nem deixa, para além do velho do Restelo, de acusar a cobiça e ignomínia da mercancia, exprobando o Gama – que é mentiroso, inculto e covarde. O presente artigo oferece algumas coordenadas ético-retóricas para uma compreensão do enlace entre as letras e a política no século XVI, com destaque para a sua figuração na obra de Luís de Camões. Faremos uma leitura de alguns passos d’Os Lusíadas visando a entender dois fundamentais mecanismos de representação que tornam o poema, mais do que um artefato patriótico inócuo, uma particular mensagem: o louvor, como regulativo do “ideal”, e o vitupério, como aplicação a uma situação concreta.

Referência(s)