Artigo Acesso aberto Revisado por pares

“Um James Bond subdesenvolvido” e uma “Cabeça Retangular”: estética desigual e combinada em Pepetela e Mabanckou

2021; Universidade de São Paulo - FM/USP; Issue: 40 Linguagem: Português

10.11606/va.i40.173463

ISSN

2317-8086

Autores

Sharae Deckard,

Tópico(s)

Literature, Culture, and Criticism

Resumo

Este artigo constitui um estudo de caso de comparativismo literário-mundial considerando duas obras de ficção contemporâneas da semiperiferia, African Psycho [Psicopata Africano] (2003) do congolês Alain Mabanckou e Jaime Bunda, Agente Secreto (2001) do angolano Pepetela, os quais empregam narradores "imperfeitos" com corpos comicamente exagerados cujas assimetrias físicas empregam uma semiótica somática que incorpora satiricamente os afetos e habitus corporais associados ao desenvolvimento desigual, com assimetrias correspondentes no enredo, narração e forma. Ambos os textos se apropriam e reinventam autoconscientemente dispositivos narratológicos anteriores de escritores das periferias, incluindo Machado e Dostoiévski. Essas inovações narratológicas são soldadas a uma estética desigual que combina elementos dos gêneros ficção policial, detetive e de suspense. Eu proponho que o "narrador falho" proeminente nas obras de Pepetela e Mabanckou pode ser interpretado como um dispositivo formal que intermedia as pressões sociais do desenvolvimento desigual em vários contextos sócio-temporais, e compararei seu uso contemporâneo nesses dois contextos diversos de nações pós-coloniais africanas à luz de localizações de produção literária semiperiféricas anteriores, considerando Luanda de Pepetela e Brazavile de Mabanckou em referência a São Petersburgo de Dostoiévski, Praga-Boskovice de Herman Ungar e Rio de Janeiro de Machado.

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