Artigo Revisado por pares

ENTRE O MALHO E A BIGORNA: O TRATADO DE COMÉRCIO E NAVEGAÇÃO DE 1810 E OS INTERESSES MERCANTIS LUSO-BRASILEIROS

2021; Brazilian Historic and Geographic Institute; Volume: 487; Linguagem: Português

10.23927/issn.2526-1347.rihgb.2021(487)

ISSN

2526-1347

Autores

Renato de Mattos,

Tópico(s)

History of Colonial Brazil

Resumo

Sob o epíteto de “tratados desiguais”, os Tra- tados de Amizade e Aliança e de Comércio e Navegação assinados em 1810 entre Inglaterra e Portugal foram interpretados por parte da his- toriografia como a expressão da “arguta” diplo- macia britânica e da “debilidade” política, eco- nômica e militar que Portugal experimentava na ocasião. Se os termos do Tratado de Comércio e Navegação evidenciam a pressão inglesa exer- cida sobre a Corte lusitana, por sua vez a resistência dos representantes portugueses contrários à participação de estrangeiros no comércio de cabotagem e à extinção dos privilégios da Com- panhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro revela a estratégia do governo joanino em assegurar o controle do comércio praticado nos portos brasileiros, preservando, assim, os interesses de negociantes reinóis e de seus cor- respondentes radicados nas principais praças da América portuguesa. Nesse sentido, a partir da análise das circunstâncias que presidiram a as- sinatura do Tratado de Comércio e Navegação e de suas repercussões, novos significados do episódio se distinguem, permitindo-nos com- preender o acordo no âmbito das disputas tra- vadas entre ingleses e luso-brasileiros em torno do comércio atlântico e da circulação costeira de mercadorias na América. Observa-se que a atuação dos setores ligados ao comércio de ca- botagem e de longo curso controlado pela Com- panhia do Alto Douro evidencia não apenas os limites da sujeição luso-brasileira aos ditames da Grã-Bretanha, como também a importância desses homens de negócio dentre os demais gru- pos que integravam as bases de sustentação do governo joanino e, posteriormente, do governo de D. Pedro.

Referência(s)